Seguidores

domingo, 16 de março de 2014

Camaleão


Meu camaleão é um vegetal
Que aprendeu a se movimentar
Nas matas
Desprendeu-se das árvores
E das estrelas
Hoje apenas mora nas árvores
E a comer as estrelas
Com seus olhos de telescópio
De mil lentes

Sua raiz deixou as profundezas
Da terra
E aprendeu a escalar os céus
E a mora entre meus dicionários
O arco-íris ensinou-lhe
A se esconder das nuvens
Escuras
E das maldades dos homens
E não gosta dos meus poemas
Apaixonados

Mas nunca deixou de ser clorofila
E conversar com as orquídeas
Para elas conta seus íntimos
E desfolha seus labirintos
E a síntese de sua linguagem
Silenciosa

Os colibris tentaram ensinar-lhe
A voar
E a comer mel das flores
Mas a essência vegetal
Ainda esta entranhada
Em suas vísceras
E preferem comer as pétalas
Do sol
E beber as chuvas
Das tempestades que respinga
Nas vidraças

E gosta quando recito para ele
Algum poema barroco
E a se pintar com minhas tintas
Guache
E sombrear seu olhar
Com nanquim

                 


                  Luiz Alfredo - poeta

3 comentários:

  1. Camaleando
    Se você olha no meio da floresta
    Mas nada vê, enxerga ou atesta
    Será o camaleão possivelmente
    Camuflado, do galho indiferente.

    O bicho escondido é fenomenal
    Há quem confunda com vegetal
    Mas é tão somente um disfarce
    Que lhe impede qualquer realce.

    Ele se alimenta de muitas cores
    Que o tornam parte do ambiente
    Que lhe impedem de sentir dores.

    O camaleão um bicho inteligente
    Não será encontrado onde fores
    Pois oculto faz parecer ausente.

    ResponderExcluir
  2. Poeta

    passando para matar saudades das tuas palavras e deixar um beijinho com carinho.

    Sonhadora

    ResponderExcluir