A
sensibilidade mora na solidão
Das pedras
Nas ondas
que lambem
Os corais
Nas longínquas
estrelas
Que agora são
apenas luzes
A viajar
nas retinas do meu olhar
Nas marés
do mar da serenidade
Do luar
No silencioso
violoncelo a dormir
Encostado na
parede
Nos filamentos
dos pirilampos
Queimando nas
madrugadas
Nas chamas
da lamparina
Escrevendo com
as pestanas
Insones
Versos de
abandono
E paixão
Nas orquídeas
que bebem
Os orvalhos
encharcados das chuvas
Nos soníferos
que dormem
Nas pétalas
das papoulas vermelhas
Que tecem
nas suas entranhas
O látex que
aliviará as dores
Do mundo
E encantará
as paranóias
E viram
prismas nos lapsos
De uma jóia
Cortada em
corte profundo
Chega um
tempo em que os olhos
Não querem
mais dormir
Eles sabem
que a mariposa
Está ali
A xícara de
café
O frasco de
cápsulas de pílulas
Logo mais a
aurora vai surgir
Com seus
raios azuis
Seus colibris
Mas agora a
via-láctea me acalenta
Em seus
seios
E me faz
beber o leite
Dos versos
parnasianos
Outros insanos
Versos que
me fazem lembrar
Dela
Mas é
chegada o tempo
Em que
alguns verbos abstratos
Como amar
Tornam-se
uma penumbra
Um espinho
sem rosas
Sem cactos
Mas que
ficam ferindo a alma
Da gente
Mas o vento
frio é real
E entra
pelas narinas
Pelos poros
Murmura canções
nos meus
Ouvidos
Tempo em
que as vísceras
Não podem
mais chorar
A sensibilidade
mora nos rebanhos
Balidos
Nos cabelos
do milharal
Nos alaridos
do vento
No mel dos hexágonos
Nas lavouras
que bebem
As nuvens
escuras
Nas flores
fecundadas
E a vida
agora são os músculos
Da minha
enxada
Minha foice
amolada
Meu espantalho
de braços
Abertos
Cuidando das minhas libélulas
E a mão do
meu pilão
Com quem
escrevo meus versos
E piso meus
grãos.
Luiz Alfredo - poeta
A sensibilidade mora também nos seus lindos versos.
ResponderExcluirMágico.