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segunda-feira, 31 de março de 2014

ILEGAL




As drogas que são nocivas à saúde
Que lhe destroem física e mentalmente
É o senado federal e câmara dos deputados
E a surdez e apatia do STF
Um senador analfabeto é pior que o crack
Como um deputado evangélico pode seguir
O Jesus? Se ele não sabe ler os evangelhos
Nem o gênese quando Deus criou todas as plantas
Droga! São uns pais como o Brasil
Em que a maconha é proibida
O voto é obrigatório
E nossa presidenta vive preocupada
Com sua imagem
Maquiagem
E com a macroeconomia
Olhando as enchentes do Rio Madeira
Voando num helicóptero
Como uma libélula louca
E com suas poucas ou nenhuma
Solução
Como pode um senado de um submundo
Nomear uma comissão para analisar
Um remédio mesmo à base de Cannabis
Que foi feito pela indústria farmacêutica
Alopática
Dentro da metodologia científica
Por pais como a França e Israel
Que levará anos para votação
Sendo que aqui temos a ANVISA
Que não tem nenhuma pesquisa
No referido tema
E não desenvolve nem vacina
Pra Dengue
Tem o Butantã que desenvolve soro
Antiofídico
Mas não desenvolve uma vacina para
Vacinar o senado da corrupção
E dos discursos ortodoxos
Que não acrescentam nada a práxis
Da vida
E da realidade atual



                     Luiz Alfredo - poeta

sábado, 29 de março de 2014

Devaneio nesta Tarde

Devaneio nesta Tarde


Acostumei-me com teu aroma
Das comidas
O som profundo das batidas
Dos socos do pilão
Essências
Que teces nos teus tachos
Teus cachos
Tuas lavandas
Tuas lendas
E riachos de sentimentos
Bulas de remédios
Apenas
Não bulas com meu coração
Ele é meio tonto
Gosta de acreditar em paixão
Novela de televisão
Poesia de cordel


Acostumei-me com tuas penumbras
Com teus soluços ocidentais
Teus bocejos notívagos
Aprendi que tua poesia
Você escreve na parede fria
Do cimento gélido
Esverdeado de musgos
Esverdeados
E fungis prismáticos
Sem nenhuma palavra
Mas gosta de contar seus veraneios
Seus devaneios
Acalentar-me nos seus seios
Quando estou completamente
Perdido


Nem cava na tabua
Tirando os pedaços da madeira
Que não é o rosto
Nem fechando os lábios
Da flauta
Para fazer a louca sinfonia
Daquele dia
Nem lendo um poema
Do Gullar
Tentando fazer um soneto
Lendo um conto do Machado
E aquele último poema do Bardo
Joaquim Sousa
Poeta cearense que foi morrer em outros
Mares
Com seu ultimo poema no bolso
E um vintém

Vou entender teus guaches
Tua sobrinha de joaninha
As cores da tua maquiagem
Tuas viagens
Kant viajou muito pela sua pura
Razão
E nunca se afastou de sua cidade
Jesus nunca fez grandes viagens
Mas estava em todos os lugares
E é o dono deste mundo
E criou o universo
E é dono do meu coração
Orienta-me na sua palavra
Nos domínios das mãos
E oração

E às vezes você me pergunta
Coisas que eu não sei responder
Um verbo intransitivo
Um vocábulo em catalão
Um acorde de piano
O final daquela peça
A variante aberta da Ruy Lopes
A complicação das variantes
Os versos de Cervantes
Aquela receita oriental
Com zen incenso mantras
e plantas
Do Nepal

Eu tinha tudo para ser um menino
Normal
Mas aquela tarde cinza e gritos
De andorinhas
Mios de gatos
Ela me emprestou o lobo da estepe
Alguém a náusea de Sartre
O estrangeiro de Camus
A transformação naquela louca metempsicose
O processo interminável
E parecer injusto
Descrito num formidável pessimismo
Poético
O Zaratrusta o Zorba Demian
A traição de Capitu
Os lábios de mel
Que corria na estrofe parágrafo
Lugares eqüidistantes
Esvoaçando as negras melenas
Misturando com as cores da asa
Da graúna

Fiquei cheio destas descrições ocidentais
Que me levaram com o meu fusca
E violão machucados
Arranhados de tanto blues
E fados
Por estradas intermináveis
Auroras eternamente pintadas
Pelos meus sentimentos
De lápis de cores
Meu olhar entra em profunda
Distorções
Contorções visuais
Meus ouvidos é uma tuba
Balbuciando
Um acorde rouco
Morto de sono
Puramente onírico
Chegando às aurículas
Em baixa velocidade da luz
Mas meu globo ocular explodiu
É um vulcão exalando
Larvas de cores por todos
Os lados

¿ Mucho loco no?


                      Luiz Alfredo - poeta









...


Quando em teu jardim
Despetalei num zoom da minha máquina
De fotografia
As asas do colibri
Deixei a margarida semimorta
Dolorida pendida descolorida
Numa cabala desesperada
Pétalas jazem mortas pelo chão
A garganta tremula e rouca
Na febre de uma paixão

Vi que não tinha nenhuma chance
Com você
Ainda escrevi e rasguei o poema
Que escrevi naquela velha máquina
De datilografia

Desde então em versos alexandrinos
Irregulares
Passei a vagar por lugares inóspitos
Bares lagamares lupanares
Noites de luares
Escrevendo versos de puro abandono
Soluçando desatinos
Sem destinos
Alma sem bússola e direção



                            Luiz Alfredo - poeta

sexta-feira, 28 de março de 2014

...





Grilos atormentam
À noite
Deixando-a morta
De sono
No outro dia


         Luiz Alfredo – poeta

terça-feira, 25 de março de 2014

Engula esta Bula


Primeiro ela proibiu
O mais obvio
O cigarro
A cerveja clara
Depois a escura
Claro

A manteiga
Óleo somente para o motor
Do carro
A margarina
Queijo coalho
Gasolina somente para 
O meu pobre Fusca
Azul calçinha

Banido
Ovo frito no azeite
Leite apenas o Z
Somente queijo magro 
De cabrito
cupim nem pra vê

E na cota
Uma porção de ricota
Numa magra torrada
Diet 
Quase grito

Vetou a manga
O sapoti
O caju cristalizado 
O suco de bacuri
O doce de buriti
A cuia de açaí

As anfetaminas
O mel de abelha
A canjica o cuscuz a pamonha 
E a maconha

Depois tirou o café
O conhaque
O canapé 
Num arremate 
O mate
O flapé
a coca&cola
O chocolate
A vitamina de abacate

O miolo do pão
O acarajé
O pirão
O doce de jaca
A paçoca de pilão
A farinha de açafrão

Ainda bem
Que deixou a rúcula 
E a alface
E umas gotinhas de azeite
De oliva
Duas fatias de tomate

Os poemas do Quintana
O evangelho de João
E uma porção de coalhada seca
Numa bolacha grano
Integral

E com eles eu construí
Os meus sonhos

Luiz Alfredo - poeta

domingo, 23 de março de 2014




                                              A Loló é assim

                                     Eu na minha angústia

                                     Existencial

                                     Ela vem e me abraça

                                     Amorosamente


                                                   Luiz Alfredo - poeta

O Espantalho e a Lavoura de Libélulas



A sensibilidade mora na solidão
Das pedras
Nas ondas que lambem
Os corais
Nas longínquas estrelas
Que agora são apenas luzes
A viajar nas retinas do meu olhar

Nas marés do mar da serenidade
Do luar
No silencioso violoncelo a dormir
Encostado na parede
Nos filamentos dos pirilampos
Queimando nas madrugadas
Nas chamas da lamparina
Escrevendo com as pestanas
Insones
Versos de abandono
E paixão

Nas orquídeas que bebem
Os orvalhos encharcados das chuvas
Nos soníferos que dormem
Nas pétalas das papoulas vermelhas
Que tecem nas suas entranhas
O látex que aliviará as dores
Do mundo
E encantará as paranóias
E viram prismas nos lapsos
De uma jóia
Cortada em corte profundo

Chega um tempo em que os olhos
Não querem mais dormir
Eles sabem que a mariposa
Está ali
A xícara de café
O frasco de cápsulas de pílulas
Logo mais a aurora vai surgir
Com seus raios azuis
Seus colibris
Mas agora a via-láctea me acalenta
Em seus seios
E me faz beber o leite
Dos versos parnasianos
Outros insanos
Versos que me fazem lembrar
Dela
Mas é chegada o tempo
Em que alguns verbos abstratos
Como amar
Tornam-se uma penumbra
Um espinho sem rosas
Sem cactos
Mas que ficam ferindo a alma
Da gente

Mas o vento frio é real
E entra pelas narinas
Pelos poros
Murmura canções nos meus
Ouvidos
Tempo em que as vísceras
Não podem mais chorar
A sensibilidade mora nos rebanhos
Balidos
Nos cabelos do milharal
Nos alaridos do vento
No mel dos hexágonos
Nas lavouras que bebem
As nuvens escuras
Nas flores fecundadas

E a vida agora são os músculos
Da minha enxada
Minha foice amolada
Meu espantalho de braços
Abertos
Cuidando das minhas libélulas
E a mão do meu pilão
Com quem escrevo meus versos
E piso meus grãos.


                         Luiz Alfredo - poeta






Haicai Devorados

Haicais Devorados






Haicais Devorados



Velha lagoa
Repleta de belezas transtornadas
Borboletas azuladas
Revoadas de libélulas
Águas em ondas
Tremuladas

Medito zen
Contemplando o belo jardim
Aquático
Nenúfares ninfeias vitórias-régias
Lírios d’ águas em remansos
Num silêncio repleto
De imagens
Sons de besouros selvagens

Mansos banzeiros
Impressionistas paisagens
Lindas distorcidas miragens
Delírios afãs
Haicais devorados
Pela própria rã
Que os digere liricamente
Ali deitada...



               Luiz Alfredo - poeta

Versos Suicidas




                                

                                 FlorBela Ana Cristina César Syvia Plath
                                 Maiacovsky
                                 Tiraram suas vidas pelas próprias
                                 Mãos
                                 Mãos que escreveram versos
                                 Que nos enchem de vida
                                 E paixão
                                 E que não nos deixam morrer.


                                                                 Luiz Alfredo - poeta

sábado, 22 de março de 2014

Pink Floyd's Richard Wright - "Wet Dream" Full Album

                                                                                                                                                                 




Sonhos que passam por minha cabeça
São gotas de vidros molhados pelo arco-íris
São cores que não estão no meu estojo
De lápis de cores
Nem na cútis do meu camaleão

Agora são estilhaços de vitrais
Da catedral
Uma tuba canta uma canção ancestral
Viajo pelos lóbulos cerebrais do homem
De Neanderdhal

Tiras de um gibi se distorcem
O bairro do triangulo desfez seus ângulos
Os trilhos da ferrovia lendária
Os blues que vagavam em Nova Orleans
Nas reminiscências de Barbados
Foram tragados pelo rio
Madre de Dios
O mestre pré-socrático esqueceu
Que a água transborda os equiláteros
Deixando as paralelas numa Lemúria

Não é ilusão
A flor dos sonhos continua proibida
A locomotiva está afogada
O helicóptero é uma libélula
Atordoada
Lacônica não fala nada
Enquanto a polis nada
A ostra tenta engolir a pérola do mamoré
Os versos são cousa alguma

Minha vitrola rola um rosa
Tempo em que os sonhos
Estavam no poder
A rosa dominava a ponta do fuzil
A rosa misteriosa
A rosa do jardim a florescer
A rosa no fato do poeta lusitano

Eu tinha um fusca azul
E lia Heidegger
As únicas coisas boas que o nazismo
Deixou
E começa a aprender a fugir do AI-5
E lia Neruda
E tinha um cassete da Gal
Colecionava figurinhas do chiclete
Ploc
E voos das gaivotas
A náusea sartreana me entojava
Tinha medo de me metamorfosear
Num besouro
Mas amava a contradição do horizonte
Cheio de distorções coloridas...


                             Luiz Alfredo - poeta




Sérgio Sampaio (1973) - Eu quero é botar meu bloco na Rua

sexta-feira, 21 de março de 2014

...


Sou um sabiá exilado
Cercado por todos os lados
Por muitas incompreensões
Mas sei tecer canções

Não tão belas
Como fazê-las diante de tantos
Rouxinóis
Borges Lorca Neruda

Como tecê-las diante de tantos
Teares
A linha crua das letras
Bandeira Drummond Quintana

Como dizer como disse
Remover a pele da palavra
Dilacerar-se de paixão
Como Florbela Adélia Clarice

Mergulhar no azul do mar
Na metafísica do vocábulo
O fruto a se estragar no relógio
Como faz Gullar

Construir o árido verso belo
Montar tijolo por tijolo
Cimentando os sentimentos da poesia
Como João Cabral de Melo

Escrever os sulcos da lavoura
Na memória da enxada
Cantos de uma ave nativa
Como o cantador Patativa

Uns ais sem cais
Sem os liames da ternura
Flor sem a nervura doce estames
Como os sonetos de Vinicius de Moraes

Remover das metáforas no borralho
O mais profundo dos sentidos
Colocando os significantes pra fora
Como Francisco Carvalho

Sou apenas um melro
Um mero poeta a gruir
Diante da revoada destes pássaros
Bico calado diante destes uirapurus


                                 Luiz Alfredo - poeta






segunda-feira, 17 de março de 2014

...


Era um poeta milenar
Morreu
Mas ficava do seu túmulo
Recitando versos
Para as almas penadas desta terra
De meu deus

No seu espólio continuam
Encontrando papeis rabiscados
São versos embriagados
De lirismo
Talvez escritos ao acaso
Agora vira caso
De uma dissertação

Uma carta de amor
Foi uma revelação
Reviraram letra por letra
Com se abrissem um coração
Procuram à musa
Seu nome
Seu perfil desenhado
Numa garatuja

É poeta em vida
Nem ligavam para ti
Teus versos se estragavam
No asfalto molhado da urbanidade
Eras apenas mais um transeunte
Um violão que bocejava acorde
Deformado
Abafado
Pelo trânsito engarrafado
Um bardo enluarado de absinto
Um cachimbo vaporoso
Pinceis manchados de auroras
Um estojo amassado de lápis
De cores

Pouco dinheiro no bolso
E um mapa da América do Sul
Rabiscado
Uma bússola atordoada
Mas os versos corriam nas veias
Que sangravam
Pelos caminhos desta galáxia

Caiam por aí
E iam formando constelações
E mesmo depois de morto
As estrelas não param de nascer


                                Luiz Alfredo - poeta



domingo, 16 de março de 2014

Camaleão


Meu camaleão é um vegetal
Que aprendeu a se movimentar
Nas matas
Desprendeu-se das árvores
E das estrelas
Hoje apenas mora nas árvores
E a comer as estrelas
Com seus olhos de telescópio
De mil lentes

Sua raiz deixou as profundezas
Da terra
E aprendeu a escalar os céus
E a mora entre meus dicionários
O arco-íris ensinou-lhe
A se esconder das nuvens
Escuras
E das maldades dos homens
E não gosta dos meus poemas
Apaixonados

Mas nunca deixou de ser clorofila
E conversar com as orquídeas
Para elas conta seus íntimos
E desfolha seus labirintos
E a síntese de sua linguagem
Silenciosa

Os colibris tentaram ensinar-lhe
A voar
E a comer mel das flores
Mas a essência vegetal
Ainda esta entranhada
Em suas vísceras
E preferem comer as pétalas
Do sol
E beber as chuvas
Das tempestades que respinga
Nas vidraças

E gosta quando recito para ele
Algum poema barroco
E a se pintar com minhas tintas
Guache
E sombrear seu olhar
Com nanquim

                 


                  Luiz Alfredo - poeta

sexta-feira, 14 de março de 2014

A Poesia de Todos os Dias

                    


Aos poetas sem rotas definidas


Teu dia
É todo santo dia
Dia e noite
Mais as madrugadas
Insones

Minha poesia de todas
Ás horas
Que pulsa no meu ser
Há todos os instantes
Desde escuro amanhecer
Ao entardecer com lapsos
De cores fugazes

Até completa escuridão
Tateando as teclas negras
Bebendo as chamas do lampião
Tomando o leite parnasiano 
Da Via-láctea
Pássaro noturno sem planos
Entalando-me com o lirismo
Desta imensidão


                       Luiz Alfredo - poeta





















quarta-feira, 12 de março de 2014

Perfume Azul do Sol - Canto Fundo (1974)

)


Há dose de saudade
Que vem para nos rasgar
Por dentro
O Laio com seu acordes
Enluarados
O Oswaldo com seus versos
Porraloka
O Gera com seus pincéis
Ontológicos
O Binho com suas letras
Diversas
Ainda vem me matar
Com este LP
Música que marcou minha
Vida
Numa rua qualquer de Porto
Velho
Nos idos 1974
Chorei
Sou um pobre poeta
Que recolho palavras nas madrugadas
Até as mariposas comerem
As chamas da minha lamparina...
Amei poeta


          Luiz Alfredo - poeta

terça-feira, 11 de março de 2014

Abortovo





Estalei um ovo na frigideira

    A clara ficou mais clara

      A gema amarelou

        Um pintinho amarelinho

                          Abortou

             Ficou ali fritando

Piando no óleo quente


                  Luiz Alfredo – poeta


Terra da Poesia - Caminhos da Reportagem (+lista de reprodução)

)



Na terra dos poetas
Violeiros
E cantadores
A rima
Os repentes
Os acordes de repentes
Correm nas correntes
Nos corações apaixonados

São bardos desde
Que nasceram
Numa terra onde todo mundo
É poeta

Nasceram em cima
Da rima
Sabendo soletrar cada verso
Parecem que nasceram cantando
Como um sabiá

E quem não sabe
Começa aprender a cantar
A sextilha
O galope alagoano
E na beira do mar...



                Luiz Alfredo - poeta