Seguidores

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Amoras Derretidas


Um sorvete de amora derrete
Na minha mão
Esfria minha aliança
O sol ardente
O canto da cigarra
O morno verão
Transtorna o encarnado gelado
Que escorre entre meus dedos
Congela o céu da minha boca
Esfria meu coração
Depois fica a casquinha
Vazia
E a cereja de sabor artificial
E as interrogações da vida
Um gole de água
E as antigas mágoas
E o termômetro morto
De calor


sábado, 14 de novembro de 2015

Pedras que rolam na minha vida

No principio
Eram apenas pedrinhas no fundo das águas verdes
Do igarapé azul
Pedrinhas tecidas pelas correntezas
Geometrias perfeitas
Peixinhos coloridos como a vida
Mas depois vieram outras pedras
Pedra na baladeira que feriu o peito livre
Do pássaro
O vôo da liberdade
A pele do rio
A primeira topada
Pedras que atrapalhavam meu destino
E rolavam baixinho na minha vitrola
Amarela
Brilhavam no céu
Quebravam meus dentes
Umas valiosas
Outras apagadas
Aquela bem no começo
Algumas perigosas
Obstruindo
Rasgando
Bem no meio do ureter
No fim
Na vesícula
No meio do caminho
No meio do verso
No poema do Cabral
Do Drummond
No meu rim
Na fronte do gigante
Na dose de gim
Pedra de diamante
Pedras que me fazem esquecer
De mim
Das coisas ruins
E seguir adiante