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terça-feira, 31 de março de 2015

A Concha da Minha Mão

A concha da minha mão
Traz os bramidos do mar
Antigos sussurros das nereidas
As notas da flauta de Anfion
Os gemidos dos argonautas
Da nau de Ulisses
Os feitiços e a beleza de Circe
Quando a coloco nas bordas
Do meu ouvido

A concha da palma da minha mão
Guarda os sonhos
E minha solidão
As linhas do meu destino
Os labirintos que vou deixando
Os fios
Para não me perder
Concha que traz o eco dos céus
Que bebo água da fonte
E da cacimba
Que murmura nos ouvidos antigos
Poemas
Que colhe os enlevos dos belos seios
Dela
Versos desencontrados
Pedaços de antigas cantigas
Que conta os segredos incontidos
Fragmentos declamados

Nela gesta a pérola
Que a pedra no meio do caminho
Engravidou
Guarda a memória das chuvas
Que engravidou os pastos
De cogumelos alucinados
Minhas lágrimas para mover
Os moinhos
Murmurar nos ouvidos dos cata-ventos
Sonetos de antigos tempos
Molhar as rosas do caminho
Os olhos sem nervura dos espantalhos
Que tomam conta das lavouras soterradas
O hálito dos girassóis
As pétalas dos crisântemos
Os orvalhos das orquídeas selvagens
Os arames farpados deste oprimido
Sertão
É a medida dos versos do meu coração
Pronunciada em profusa solidão




sábado, 28 de março de 2015

O Infinito Aprisionado



Peguei um passarinho entre meus dedos
Na palma fechada da minha mão
Por um momento o infinito
Esteve aprisionado
Com suas asas impronunciáveis
Sem conjugar o verbo voar

Mas foram somente uns breves momentos
Não se consegue prender o infinito
Por muito tempo
Pois somos nós que acabamos
Seu prisioneiro
O conceito de liberdade não admite
Modo algum
Nem asas aprisionadas

Noites intermináveis



A noite entardecia no seu madrugar
Os grilos continuavam lá
O tic – tac demarcando o tempo
E o cuco lá dentro
Esperando à hora de cantar
A coruja com seus presságios
Seu olhar metafísico nos cimos
Das árvores
Nos pinos das catedrais

As teclas mortas de sono
As pálpebras começavam a ressonar
Mas ainda o luar
As estrelas a cintilar
O mar sussurrando em ondas
Impertinentes
Os gritos das gaivotas deixaram sombras
A rota dos albatrozes alumbra nos sonhos
Que começam a passear diante
Dos nocturnos soturnos netuno olhar
Narcotizado  

A noite costura os céus
Tenta acordar o sol com o seu agulhar
Mas dizem quem acorda o sol
É um girassol que não conseguiu dormir
Passou a noite tomando orvalhos soníferos
Escutando o grasnar do corno negro
Que também não pegou no sono
E passou a noite embalando os olhos
Enluarado
Nos mistérios encantados da noite
Madrugando

Vou logo dormir
Meu abajur pegou no sono
Todos no tugúrio literário estão dormindo
Apenas os olhos do meu camaleão
Que nunca dormem
Passam à vida tecendo arco-íris
Copiando as peles das coisas
Até minha caixa de lápis de cor
Foi dormir
Mas parece uma noite de anfetamina
Uma noite que nunca termina...



terça-feira, 24 de março de 2015

domingo, 22 de março de 2015

Caramujo Intrujo


Caramujo cujo em mim 
Trago meu tugúrio 
Meus dilemas metafísicos
Como ser um pássaro 
Não sabe como despertar o amanhecer
Com meu cantar
A pronunciar meu verso no colo
moreno do entardecer
No entanto
Côo um café fumegante
Uma tapioca de uca
Num instante
E sei conversar com a roseira
conto meus segredos para o pilão
para a colher de pau
travo diálogos com o fogão
Lá pela tarde teço um soneto irregular
E balbucio uma canção
No meu velho alambique violão
que tem embriagado nos acordes
loucas desvairadas paixões
Outrora havia em mim um poeta
Byroniano
Nunca mais o vi
Mas sei os seus versos de cor
E a determinações de suas metafísicas
Acho que pode ter morrido
Um poeta romântico morre na flor
Da idade


sexta-feira, 20 de março de 2015

Caracol



Um caracol passeia na lua
Cheia
Ceia com as estrela a saborosa
Ceia
Nas bordas da constelação

Come o que a Terra Azul
Presenteia-lhe
Toma a água das chuvas
Das nuvens ora Eléia
Ora Éfeso
São os percursos desta vida
Ora tartaruga de Zenão
Ora centopéia
Ora centauro alado
Unicórnio cavalgando na eternidade
Andorinhas desenhando o verão
Suas asas são compassos na eternidade

Tentei ajudar um caracol
Atrapalhei o seu percurso
Seu destino
Sua relação com o absoluto

As libélulas quando me vêem vir
Ao lago do luar
Pensam com suas asas de luzes
Lá vem aquele poeta
Que coloca seu caniço
E sua zagaia pra viajar
E fica conversando com as jias
Sobre filosofia dos haicais
E quando vem o luar
Começa declamar para os vaga-lumes
Incógnitos lumes a tremeluzir
Acolá
Sabe lá a noite é um poemar



quinta-feira, 19 de março de 2015

Anzol de Concreto




                                                               .
                           .
                         .
                     .
                  o
                 A
                 N
                 Z
                 O
            isca ڷ

Mama(e)


Eu vi a mulher amamentando
Seu bebê
Como a Via-Láctea alimenta
As constelações
Primavera é a flor das estações
Andorinha é a ave dos verões
Eu vi a criancinha longe
Das guerras
Da fome
Do aborto
Sendo alimentada naquela praça
Onde meninas comem maçã do amor
Pensando no amor
Uma garotinha passeia num velocípede
Um poeta de cordel vende seus versos
A granel
Mas faz uma declamação de uma sextilha
Um desafio tudo no violão
Sem olhar nem um papel
Este nordestino menestrel
Guarda tudo de cor
Todos os versos rimados
Depois passa o chapéu

Um músico ao leu faz sua canção
Numa tuba
Mexe no coração uma saudosa
Nostalgia
Faz Porto Velho parecer New Orleans  
Esse mundo é bonito mesmo
Veja que nesta praça
Tem papoulas vermelhas
Numa pétala passeia uma joaninha
E ao redor uma borboleta azul
Descreve a metamorfose das almas
A mutação do universo
A dialética dos dias
E a mãe criando a humanidade



quinta-feira, 12 de março de 2015

Mal-me-Quer













        0
                  B
                             E
                             M
                              /
                             M
                             E
                              /
                             Q
                             U
                             E
                             R
           8 8  8  8 8 8 8 8 8 8 8


Acabei com a flor
E com a esperança do amor
As pétalas despetaladas não voltam
Atrás
Não precisava do i-ching
Nem do tarô
A vida diz claramente sobre o teu amor

Não cruzarias aquela ponte dos ingleses
Nem desafiarias os presságios dos corvos
Se não amasse esse pescador
Dizem que ele pesca galáxias
E estrelas
E agora pescou o seu amor
Dizem que ele tem olho de bota


       





Eu não sabia beija-flor



Eu nem sei de mim
Beija-flor
Como vou saber da dália
Da magnólia
Da flor do jasmim
Como vou dar conta destes
Mistérios
Por que a rosa vermelha
Está com ela
E aquela papoula branca
Nos cabelos dela
Como vou saber destes destinos
Já basta meu problema
Com o caramujo
E com o cravo que trago na lapela
A flor que trago na antiga cigarreira
Amassada na algibeira
Meu dilema é com as estrelas
Com elas vou para um futuro
Desconhecido
Viajando neste universo
Sem fim

Claro colibri eu tenho haver
Com o cravo se abrir
A roseira florir florar exalar amor
Eu sei disto beija-flor
Cuidado com as flores venenosas
Meu amigo
Sim
Eu terei cuidado com as vitrines
Ocidentais
E assim nos distanciamos
Um do outro
Mas o pensar em reencontrar
De novo
É o significado da palavra esperança
É bom o encontros de alguns caminhos
Caminhos de bom coração
Andar por eles e andar de mãos dadas
Com a poesia


quarta-feira, 11 de março de 2015

olhar 58





                                         

   L             L

   O  L  H  O

  O  L  H  O

  K           K
   O                  a
    N                  l
    C                  e
    R                  i
    E                  d
    T                  o
    o                  s
                        c  
                        o
                        p
                        i
                        c
                        o




                   Luiz Alfredo - poeta



terça-feira, 10 de março de 2015

Violão






                                           V

                    I

                   O

                    L

                    Ã
                 (      )
                     0                
                (  ----  )


                            


                                        Luiz Alfredo - poeta

sábado, 7 de março de 2015

Caracol








                                 
            R   A
     A               C              
 C                          O   L
........................................
Passeia na pele do sol

Lentamente passeia

Um caracol

Elíptico

Puro a Via-Láctea


                                     Luiz Alfredo - poeta
                                            





sexta-feira, 6 de março de 2015

Saudades do Décio




                      Coma.............Chiclete
                  Masque..........Goma
                  Elástica
                  Sopre..............Bola
                  Ping-Pong.......Adams

                           Figurinha(s)

Pirulito Concreto





                                          O
                   T
                I
                    L
               U
               R
               I
               P