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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Poeta das Asas


Esse bicho voador
Que construiu suas asas de panos
Com um transferidor
Riscou os céus nebulosos com seu lápis
De cor
Enfrentou as nuvens com hálito
De gasolina
Tinha um terno impecável
Foi ele que comeu com os olhos
O vôo do condor
E colocou as nuvens na sua sina

Roubou dos pássaros sua geometria
Rabiscou no verso do papel o destino
Dos ventos
E os aprisionou nas asas de polietileno
Da sua astronave
Pedaços de homens estilhaços de ave
Fragmentos de aços sentimentos balbuciados
Pelo coração

A propulsão que o tirou do chão
Aproximou-se dos olhos de Deus
Da pele do luar
Era mais pesada que o ar
Arrisca como uma luz
Arremessou-se no ar
E voou
Esse bicho alado era o homem
E nunca mais pra terra
Voltou
Deixou para trás os olhos perplexos
E sua sombra
E deu asas aos seus sonhos



segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Beba Grapette



                                                           


                  Beba Grapette pet
                  Babe             Betty
                  Beba Grapette
                  Babe Grape   Ligth
                  Saco
                  Iced

                               A r r o t o

                     Poema: Beba Grapette – 2015. Poeta:
                     Luiz Alfredo


* O Verso monóstico: Saco, que em Porto Velho, na época que lá vivi era usado como recipiente. Inesquecível ainda uso.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O Vendaval do Tempo

O tempo arranhou nossos
Rostos
E nossos corações
Acabamos esquecendo um
Do outro
E os nossos poemas de antigamente

Passamos a cultivar outras planícies
A nos banhar em outros rios
A amar outros amores
A contemplar outros arrebóis

O que o tempo não fez
Foi apagar algumas fotografias
Em preto e branco
Aquele verso da parede
Nem o vermelho da tatuagem
E o nome do teu camaleão

Embranqueceu teus cabelos
Mas não assanhou as tempestades
E colocou as palavras em carne
Viva
Num pretérito ressentido
O tempo mudou muitas coisas
De lugar
Ficaram alguns nomes de ruas
E o teu romance

Que você nunca terminou

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Poema Transmigado



Como artistas nós procuramos nos diversificar
Artisticamente
Tentamos ser locutor
Jornalistas
Até pintor
Aprendemos a tocar um instrumento
Ou mais
Até assobiar
Mas no meu caso minha arte
São estas meras poesias
Elas são o meu viver
Mesmo ultrapassadas
Ou em vão
É a poeta (sia) que dá esperança
A palavra
A eleva além dos próprios
Signos e sintagmas
Mergulha na mais profunda
Metafísica
Extrai dela suas metonímias
E máscaras
Às vezes a deixa
Em crua e nua

Elas são o meu barro
E o meu céu
São elas que fotografam
As borboletas
Em pleno cio
Na dialética metamorfose da lagarta
São minhas doces meras
Poesias
Assinada por um pobre poeta
Tão pobre
Que não pode pagar o valor
Da palavra
O mineral nobre
É lava do meu vulcão
Às vezes
Deixa marcas cicatrizes feridas
Feitas com as pontas dos meus versos
Eu estou escrevendo pro meu amigo
De Capela
Estes versos que tirei da lapela
Da lírica algibeira
Eu sou da beira do rio
Um pássaro triste refletindo
Os amores conturbados deste mundo
Eu sou o bardo
Do bando dos anarquistas marginais
Intergaláctico
Estrelar
Lunático
Que fica bordando a noite
Com vaga-lumes
Um lume inesperado

Um verso inacabado

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Tenaz Metamorfose

Sim
Eu vi o casulo dependurado
Na árvore de carbono no meio-fio
Por um fio tênue que a natureza
Teceu
Não é nem de nylon
Nem de aço inoxidável

Autopista de automóveis apressados
Estressados motoristas
Semáforos de luzes monótonas
Programados
Versos de um tempo com os vidros
De fume fechados
Retrovisores são olhos assustados
O tempo corre nos pneus aquecidos
Os amores esquecidos
E no futuro do pretérito dos sonhos
enriquecidos

E lá naquela árvore de galhos
Retorcidos
Um ninho abandonado
Folhas carbonizadas
Ainda brotam algumas tristes
Flores
Néctares de gasolina
Um casulo quase crisálida
Tece sua metamorfose
A vida é mais forte que o Fordismo
Mais linda que o belo sorriso
No out-door