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terça-feira, 29 de março de 2016

Liberdade é um pássaro solto


Não fique triste bem-te-vi
Um dia há de vir
Que os pássaros possam voar
Livremente
Nem te melancolias juriti
A tarde é bela
E com teu arroio fica mais terna
Teima até em ser eterna
Nem liga colibri
Falaram-se mal de ti
Porque foste beijar à dália
E a flor da amora não gostou
E nem te namora
Tu apenas a beija e vai
Embora
Não sabe ela 
As batidas das tuas asas
Por segundo
Ficas congelado no ar
Que giras o mundo
Viras um flash de fotografia
Um zoom congelado
uma eternidade que não demora
Liga não sabiá
Sabe la o dia
Mas vai chegar
Que o poema terá prioridade
Claro depois da fatia
De pão
E do passeio na praça
De velocípedes 
E soltar balão
Fazer bolinhas de sabão
Misturar as garças
Com as nuvens brancas
Ai eu sei que vão querer
Trazer
O rouxinol e o curió
De volta
Vão querer recitar
Gonçalves Dias
Trazer a patativa
Os versos plantados na enxada
Que suspende a terra seca
Nos cordéis
Declamar as melodias do menestrel
Patativa do Assaré



sexta-feira, 11 de março de 2016

Pronuncia


Sonetos enluarados de luar
De violetas
Aquele campo de alfazemas
Perfume de magnólias
Canto mórbido do melro
Este é o que herdei
Do Ocidente
Em Calama acordava
Com o canto dos pássaros
Os gritos azuis e vermelhos
Da araras
O grito verde dos periquitos
Aos bandos de curicas
Papagaios balançam nos galhos
Quebrando sementes no bico
Despedaçando orvalhos
O luar toma cuidado com eles
Para não beliscar sua face
Ultrapassa a madrugada afoita
Apaga as fogueiras
E as lamparinas
Em Calama as estrelas abrem
Seus corações
E as flores seus encantos
As nereidas seus cantos
Viramos sem quer um bicho
Do mato
Um boto no rio



Travessiias





Fiz uns poemas haicais
Na beira daquele cais
Um verso pra a gaivota
Outro pro albatroz
Atravessei aquela ponte
Cheguei na foz do rio
Com um pôr-do-sol multi-colorido
Nele afoguei minhas pálpebras
Meus desvaneios
Versos que eu nunca esquederei
Foram escritos no meu coração
Com as águas daquele rio

Com o azul daquela imensidão