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segunda-feira, 22 de junho de 2015

A Mosca Azul




Não vou te matar
Oh mosca
Vem de pré-históricas larvas
Lavas de vulcões
Chuvas de meteoros
Sopas de amônias
O sol na medida certa
Medido com compasso no infinito
Espaços
De infinitas estrelas que começo
A contar
E não sei quando vou terminar
Tantos eclipses de luas
E você vem de lá mosca
De tantos globos oculares
Sentar no meu pão
Parábola do meu dia fatigado
Sobrevoar o meu leite
Metonímias do meu gado
Estou cansado de mortes
Não vou te matar
Pode se lambuzar no meu mel
Eu compartilho contigo o meu céu
Azul
Pode zumbizar
Cuidado apenas com aquela plantinha
Seu perfume é mortal
Ela é uma planta com instinto animal
Tem estranhas vísceras
E mandíbulas afiadas
E não tem o coração de poeta

Tomando chá com torradas

domingo, 14 de junho de 2015

Ser poeta


Faço poemas por que sou poeta
E nada mais sei fazer
Senão como uma cigarra reluzida
De verão
Uma formiga uma enxada e um pilão
E este luar do sertão
Verso que não é meu
O poeta me emprestou
Nessa solitária imensidão
Nordeste que não foi acesso
Apenas no luar e nas fogueiras
De São João
Teve Lamparina Corisco e Lampião
Mais tem Cancão sabiá patativa
E corrupião
Tem Conselheiro e o belo arraial
De Canudos
Com seu pão e terra repartidos
Para todos
A parábola da semente de trigo germinada
O milagre da criação
O exercito da República Federativa do Brasil
É vencida pelo exercito do Senhor
Armados com seus terços e bacamartes abençoados
O poeta mergulha na palavra
Com certeza se afogando
Ficando sem ar
Quase perdendo a respiração
Mas a traz para o verso
E a diz nos acordes da viola
A pérola rara
Que quase mata a ostra
Agora jaz bivalve
Numa praia do Ceará
Enquanto que  a pérola brilha
Num colar
Num lindo pescoço de uma donzela
Mas um hippie ajuntou estes búzios
E fez uma mágica mariposa
E de uma de suas asas
Fez um brinco pra ela
O poeta vive por ai
Brincando com as luzes
Que caem de suas pálpebras
Nunca estudaram o arco-íris
Sempre penso que Spinoza
Fora condenado por ter estudado
O prima na sua natura
O arco-íris nos céus
E nas pálpebras também
Não conhecem seus poemas
Nem a equação
Que ele traz