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domingo, 29 de dezembro de 2013

Ainda dividimos o chocolate


Ainda atravessamos os cruzamentos
E entre os prédios com perfis de cimentos
Contemplamos pedaços de um lindo luar
Paramos num estacionamento
Do shopping center
E dividimos um café
Mas não tem mais beijos
Nem aquele antigo sentimento
O açúcar fica no fundo
Da xícara

Chegou o tempo em que o verbo
Amar
É um pretérito que vai se perdendo
Na conjugação da vida
Os lençóis dormem separados
Os cálices não se tocam
Nem os lábios frios de ar condicionado
Ainda trocamos à borda da xícara
De café
E tabletes de chocolates
Uns goles de chá

Mas os versos não são mais recitados
Nem a fita daquela antiga canção
Bolero de rosto colado
No antigo gravador
Rolou nunca mais

Ainda dividimos o chocolate
Foi o que restou dos doces lábios
Agora viajamos separados
E nunca mais nos encontraremos


                                  Luiz Alfredo - poeta





domingo, 22 de dezembro de 2013

Tal natal


Neste mundo do Capital
Mercadoria é o natal
Deliciosas castanhas de nozes
Cascas bipartidas atrozes

Vinhos de pretéritas safras
Duras são as mãos cheias de calos
Que nunca tocaram nos cálices
De cristais
Transbordantes de maceradas
Uvas ébrias sazonais

Frutas cristalizadas adoçadas
Por verdes extensos canaviais
Aves raras recheadas com temperos
Orientais
Doces trufas tropicais

Assaz
As catedrais tocam seus sinos
De bronzes
Na missa o pão é repartido
Salmos são lidos
Na vida as classes são divididas

Nos trigais quem ceifa
Não é quem amassa a massa
Não é quem assa
Não é quem passa o azeite
Não é quem come
Com deleite

Quem cultiva fica com as migalhas
São os espantalhos que assustam
Os corvos
As esfomeadas gralhas

Afinal no mundo do capital
O sentimento fraternal
Não divide o fermento
E o que cresce no natal
São os momentos das lentilhas
Em bandejas de metal

As borbulhas dos espumantes
E suculentas fatias com olhos
De cerejas
Pupilas de ameixas
Nas lâminas dos talheres brilhantes

E as imensas mesas vazias estendidas
Pelos chãos
Proliferam pelas avenidas encarnadas
Mãos trêmulas de frios
Árvores sem filamentos apagadas
Vísceras repletas de injustiças
Comem o pão sem milagre
Lágrimas congeladas

Afinal – casas sem lareiras
E chaminés
Não recebem presentes
Nem benção


            Luiz Alfredo - poeta


domingo, 15 de dezembro de 2013

Pétalas Azuis




Os planetas são pétalas
Em voltas ao derredor
De um grande girassol

As borboletas são mensageiras
Destas flores
São elas que trazem as lembranças
Das constelações
Mas engravidam também as rosas
As papoulas encarnadas
Trazem nas suas asas
Gotículas de luzem das estrelas

Vem a Terra Azul
Numa era de pura primavera
Era vindoura
Asas que doura esta estação
Mar verde mar
Sol amarelo solar
Sol sustenido bramido de luar
Sabiá laranjeira em pleno verão
Água serdes no invólucro
Do coco
Doce como um verde canavial

Elas vem de dentro da lagarta
Que sonha a ópera a época o épico
Olhando a dialética
A transmutação mutação metamorfose
Metafísicas metonímias
Mas seus espíritos são mais antigos
Que as pedras os musgos aos poetas
Vem sacudir o pólen da eternidade
E encher a beira do rio
De muitas cores...


               Luiz Alfredo - poeta

domingo, 24 de novembro de 2013

Gira Girassóis




O girassol faz nascer
Das suas entranhas
Sementes
Filamentos carentes
De Sol
Das suas tripas ofegantes
Do seu ovário
Ardentes
Emolientes dialéticas
Incomensuráveis grãos
Que o tempo debulha
Nos seus dentes
Depura nos seus hálitos
Apura no seu moinho
De luzes

Que se expõem ao sol
Com suas pétalas amareladas
Para fazer-se cair ao solo
E encher os campos
As roças
Os jardins
Os bulevares
As lavouras
De girassóis famintos
De luz

É determinação do girassol
Ontologia de suas raízes
Metafísica das cores
Da aurora
Dos quadros de Van Gogh

Lágrimas das enxadas
Calos nas mãos
Braços abertos dos espantalhos
Que acaricia as sementes semimortas
Vigia suas almas
Não deixa o corvo comer
Os brotos
Enxuga suas pálpebras
Das tempestades
Cata Nuvens de cata – ventos
Acaricia a terra com amor
E pensa e faz versos
Como Tagore
E pensa a Deus como Santo
Agostinho
Dos belos Salmos
O poeta Salomão
Que fez dos provérbios
Profundos poemas
Conselhos
Que nos faz olhar no espelho
E olhar para os campos
Amarelos de girassol

É anseio dos girassóis
Encher de amarelo
Os olhares
A vida
As pupilas das janelas
Os sulcos dos campos
O balido das ovelhas


               Luiz Alfredo - poeta


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Um Búfalo Selvagem





Minha vida era um búfalo
Bravo
Selvagem
Destemido
Entre flores silvestres
Amoras
Framboesas
Pitangas

Acordes brutos
Flamencos
Tangos
E blues

Sambas
Mambos
E siriás

Claro que depois
O coração se acalma
Medita
Já não grita
Apenas balbucia versos
De silabas contadas

Mas os versos do jovem Neruda
É uma sístole
E o flamenco uma diástole
Irreparável.

  
                Luiz Alfredo - poeta






quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Porto Velho de outros tempos





Minha cidade
Tinha o hálito de uma vila
Calma
O trem demorava passar
E chegar à estação

As ruas iam devagar
Devagar trafegam os velocípedes
Vai à menina pro grupo escolar
Horizontal na travessa um jipe

As ruas nem tinham mãos
Nem quilômetros
Nem contramãos
Eram floridas de flamboyant

Frutificadas de mangueiras
Flores selvagens nas beiras
Das calçadas descalças
Nas íngremes ladeiras

Pontes de madeiras
Ligavam os horizontes
Outra de aço inglês
Atravessa o igarapé esverdeado
De vitórias – régias
E aguapés transbordados

Nas ruas azuis
Voavam pássaros em arribação
Nuvens brancas
Pedaços de sonetos
Descalços curumins
Papagaios descaiam nos céus
Sedas em talas de buritis

Calçadas de flores selvagens
Caladas ruas
Sem semáforos
Cruzamentos digitais
Iluminados sinais



Mas minha cidade criou tentáculos
E caminhou rapidamente por avenidas
Sufocadas
Agora repletas de prédios altos
Que não lhe deixam respirar
Nem deslumbrar o horizonte
Nem as estrelas
E o luar

Calçadas com vitrines iluminadas
Latas de lixos ocidentais
Transversais com tempos marcados
Muros pichados
Veículos com taquicardias
Narinas descargas carbonizadas
Transeuntes apressados
Sem poesias do Vespasiano Ramos
E Bolívar

Minha cidade aprendeu escrever
Versos concretos
Marginais
Para atravessar os córregos
Afogados
E a pós-modernidades digitais...


                      Luiz Alfredo - poeta











terça-feira, 19 de novembro de 2013

Bandeira do Brazil


A bandeira do Brazil
É feita de mulata/ café
E bacuri
Esqueceram a lua prateada/
E o sabiá
As cores realmente
Deveriam ser uma aquarela/
A bola já está no centro
A ordem deveria ser tirada
Pois ninguém respeita a faixa
De pedestre
Nem a fila

Deveriam tirar o amarelo
Pois o ouro foi roubado
O verde ainda está sendo devastado
O branco deve ficar
Representa o nosso susto
A cada momento/
Os diamantes já não estavam
A derrama continua
E os derrames nos corações
As corrupções nas licitações
E os pobres continuam sendo sufocados
Enforcados

Os símbolos estão certos
O fumo e o café
A cocaína não é nossa mesmo
É boliviana
Nosso craque só o Pelé

Quanto ao hino nacional
Deveriam tirar as margens do Ipiranga
Pois este pequeno córrego
É um fétido esgoto
E em mais garrida trocar
Por uma bala perdida

Quanto ao hino da bandeira
Deveriam tirar augusto da paz
Pois em cada esquina
Tem um 38 na cabeça
E em nosso peito juvenil
Por em nosso peito uma bala
De fuzil

Podendo ficar o verso
Nem teme quem te adora/
A própria morte.


                Luiz Alfredo - poeta




Rio de Sono Violento





E o rio me olhava com seu olhar
Sonolento de aurora
E águas barrentas

Olhar de lágrimas afogadas
De flamencos
Fados
E antigos tormentos

Cores cordas acordes
De um violão
Com seu umbigo arrebentado
Nesta Terra Azul

Com seus crepúsculos
Pincelados
Por cores devastadas


       Luiz Alfredo - poeta



Um rubro suor desvairado





Ando nestas ruas de puras saudades
E eternas esquinas
Bebo as gotas destas flores silvestres
Águas desta chuva debalde
Sombras sabiás deste coqueiro extinto

Balbucio um pedaço da canção
Do Binho
Recito fragmentos dum poema
Do Bolívar
E vou andando por estas ruas
Com meus óculos arranhados
Os bem-te-vis e os flamboyants
Parecem os mesmos

O que mudou
Foram alguns caminhos
O caminho do rio
E da Maria – Fumaça
As feições dela se desfez
No vapor
E o meu amor

Não tenho mais um coração
Apaixonado
Nem tantos sentimentos
Mas não esqueci aquele soneto
Do Vespasiano Ramos
Nem as cores dos bandos
De araras
E dos cachos de pupunhas

Vou andando
Apesar dos meus sapatos
E lembranças
Estarem um pouco desgastadas...

Mas sinto o calor deste sol
Deslizar na minha face
Como orvalhos rubros
Das papoilas desvairadas...



    
                      Luiz Alfredo - poeta


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Caminho




                               CAMINHO
                                 (Drumul)


Pensativo e com as mãos atrás das costas
Vou pela via - férrea,
Caminho
Mais reto
Possível

Atrás de mim, com velocidade,
Vem um trem
Que não ouviu nada sobre mim

Este trem – testemunha é-me Zenon,
                                                O velho –
Nunca vai me alcançar,
Porque eu terei sempre um avanço
Em relação as coisas que não pensam.

E mesmo que, brutalmente,
Passe sobre mim
Haverá sempre um homem
Que caminhe à frente dele,
Cheio de pensamentos
E com as mãos atrás das costas.

Como eu agora
À frente do monstro negro,
Que se aproxima com uma velocidade
                                                 Espantosa
E que não me alcançará
Nunca.

          Marin Sorescu – poeta

Fonte: -- razão e coração – Poemas.

Tradução do romeno por Luciano Maia.

domingo, 17 de novembro de 2013

Eu e alguns Versos


Andando por aí
Com algumas preocupações
Na cabeça
Pedaços de poemas
E lapsos de lembranças
Dela

Vou levando a vida
Por este caminho repleto
De árvores
Um índigo céu
E murmúrio de um riacho
Logo ali em baixo

Pássaros cantam canções
Que tocam na ponta dos ouvidos
No vértice do coração
E eles nem sabem do ser
Nem dos meus sentimentos

Vou levando nas costas
Uma mochila com o lobo
Da estepe e uns Nerudas
O violão calado
Absorto nas canções
Dos pássaros

Vou a lugar nenhum
Algum lugar algum
Lugares ligados por pontes
Que não ligam coisa alguma
Travessias sem destinos
Apenas canções de pássaros
Pássaros na imensidão
E em arribação

Estou mesmo perdido
Vou levando na cabeça
Pedaços de poemas
E partituras
Lembranças do seu rosto
Maquiado

Nos lábios sussurro pedaços
De canções
E risco de batom e lápis de cera
Estes crepúsculos ensurdecedores
Que enlouquecem minhas
retinas
Nestas bandas da América
Do Sul.


           Luiz Alfredo - poeta





sábado, 16 de novembro de 2013


UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC
PROFESSOR DE FILOSOFIA : LUIZ ALFREDO NUNES DE MELO

QUESTÃO DE FILOSOFIA: LÓGICA E ONTOLÓGICA.

Análise este fato jornalístico relacionando-o com a aporia da flecha de Zenão de Eléia. A resposta deve ser enviada para os e-mails: luiefmm@uol.com.br e luppilua@gmail.com .





12/05/2010 10h00 - Atualizado em 12/05/2010 10h46

Gaivota sobrevive com dardo na cabeça

 

Objeto atravessou a cabeça do animal, que continuou voando normalmente.

BBC


Um fotógrafo britânico conseguiu capturar a imagem de uma gaivota que sobreviveu à perfuração de sua cabeça por um dardo.

A gaivota, que voava normalmente e não aparentava nenhum outro dano aparente, foi avistada na cidade de Scarborough, na costa leste da Grã-Bretanha, ainda com o dardo atravessado no meio de sua cabeça, pouco acima da linha dos olhos.

O fotógrafo Graham Rhodes, acredita que o dardo foi lançado por uma besta (um espécie de arco e flecha de origem medieval) e disse estar preocupado que outros pássaros e até pessoas possam acabar feridos.
gaivota ferida. (Foto: Ross Parry Agency)

"Se eles estão atirando em gaivotas no céu e erram a mira, os dardos têm de ir para algum lugar e podem acabar ferindo alguém", afirmou Rhodes ao jornal Scarborough Evening News.

"É impressionante que o pássaro ainda esteja voando com um dardo em sua cabeça, porque o peso do objeto deveria restringir seus movimentos."

Geoff Edmond, inspetor da Sociedade Protetora dos Animais da Grã-Bretanha para a área de Scarborough, disse ser "horrível" e "totalmente ilegal" atirar em pássaros.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Eu e seus versos


Andando nesta vida solitária
Mesmo com os gritos das gaivotas
As canções do mar
Os murmúrios azuis dos oceanos
Os ruídos dos automóveis
A canção do trem

Caminho na minha subjetividade
Mesmo que caminhe pelas curvas
Ruas da cidade
Bulevares repletos de framboyants
Girassóis violetas nas janelas
Ando na minha profunda solidão

Eu sei do meu eu
É com minha alma que dialogo
Todo o tempo

Meus sonhos trazem pedaços dos diálogos
Que minha alma fez
Enquanto dormia

Minha poesia é meus diálogos acordado
Em plena madrugada
Em pleno dia
Diante do mundo
Do meu espelho
Da minha mente
Das ruas solitárias
Das estrelas
E o luar

Ainda bem que tenho um coletivo
De abelhas para me alimentarem
Com mel
Um monte de poetas
Para eu ler
Ainda tenho o azul do céu

Um bando de estrelas
E vaga-lumes

Ainda tenho lembranças de você
Mas isto é apenas um capricho
Da minha solidão ocidental.

Agora sou eu e o Universo.


              Luiz Alfredo - poeta




terça-feira, 5 de novembro de 2013

O Momento






Magnífico o momento
Do instante
A hora exata em que o ponteiro
Marca
O perfeito batimento
A conjugação do presente
Do indicativo
O eu conjugado na existência

Meio dia
Meia noite
O cuco sai do seu tugúrio
Cantando sua eterna canção
Não é presságio
Nem augúrio
É a hora exata
Naquele instante histórico
Sistólico monológico
Sísmico silogístico lógico
O momento é

Deixando para trás
Tantos pretéritos subjugados
As lembranças
Tão nítidas
Mas agora ausentes
Vão me acumulando no passado

Relembradas pelas lentes
Que a olham com saudades
Um dia ou uma noite qualquer
Foram momentos presentes

Mas o que incomoda
É aquela pergunta metafísica
Para onde estou indo?!
Rumamos para um futuro desconhecido
E eu como estou perdido
Nas metáforas dos poemas
Nas parábolas azuis
Nas múltiplas citações das dissertações
Acadêmicas
Nos conteúdos programáticos
Nas programações dos relógios
Controlados
Termômetros febris maláricos
Cronômetros fatais
Nas horas marcadas

Prefiro me agarrar nos olhos delas
E contemplar a via – láctea
Repletas de estrelas
E acreditar que elas me dizem
Alguma coisa
E que com suas luzes
Contam a história de algum
Tempo
Até onde os ponteiros
Não são contorcidos
E distorcidos
Nas fronteiras da eternidade

A lua cheia é mui bela
Mas ao olhar para ela
Lembra-me calendários
Candelabros de vaga-lumes acesos
Mares vazios
Marés revoltas

Hora que os poetas soltam seus lobos
Para declamar poemas
E uivar nas colinas
Hora que o relógio de bolso
Ficou dormindo na algibeira.



                          Luiz Alfredo






domingo, 3 de novembro de 2013

Me Leve





CANTIGA PARA NÃO MORRER

                                           
Ferreira Gullar - poeta



Cantiga para não morrer
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.











Suas feições brancas como
A neve
Pestanas negras com o voo
De uma ave
Lábios vermelhos como os campos
De framboesas
O piscar incendiado de vaga-lumes
Pálpebras leves

O resto se perdeu no tempo
Pelas caricias do vento
Esqueci o resto das tuas feições
De neve

Mas a neve daquela montanha
Andina
Ficou presa no meu olhar
Montanha branca de neve

Como aquele poema do Neruda
Que nunca voy ouvidar.


               Luiz Alfredo - poeta


Se Me Esqueceres

Quero que saibas
uma coisa.

Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.

Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.

Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.

Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.

Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.

Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda"

Tema(s): Amor  Ler outros poemas de Pablo Neruda