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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Lunático


Eu sou o verme que passeia
Na lua cheia
Que se banha nas marés
O verso do poema que some
Antes que você o leia

Eu sou o lobo da estepe
Que vagueia silenciosamente
Nas madrugadas de lua
Não uiva
Nem boceja versos
Para não acordar o homem
Que mora em mim

Se ele acordar vai querer
Refletir a metafísica de Aristóteles
E a substancia de Spinoza

É melhor o caminhar no silencio
De suas patas
Sem tocar nas latas ocidentais
O farejar indistinto
O cio
O instinto
E o uivar abstrato

Que meu homo sapiens acordado
Com sua xícara de chá fumegante
Suas drágeas brancas
E seus silogismos absolutos



domingo, 27 de julho de 2014

Versos Insones

Sou o poeta que adormece
Nos braços da lua
E acorda no bico do bem-te-vi

Antes de adormecer apago
Minha lamparina
Mas deixo minha lanterna
Verde ao lado
E os vaga-lumes acessos
Para não me perder
Na escuridão

Pois às vezes as estrelas
Deixam-me na mão
Nas noites frias se vestem
De nuvens escuras
E vão dormir ocultas
Na imensidão

E eu minúsculo verme
Repleto de razão e uma severa
Glaucoma
Acabo me ferindo com objetos
Geométricos
Pesadelos noturnos
E sentimentos que me faz tropeçarem
Apesar das lentes polidas
Dos colírios
E das drágeas brancas

A noite gosta de confundir meu olhar
Remoer minhas paixões
E acender loucas alucinações



sábado, 19 de julho de 2014

Orvalhos Insones





Nesta noite de bruxuleante
Luar
Soníferos coloridos alopáticos
Um gitane fumegante
Minha negra Royal
A vitrola magoada pelo tempo
Uma xícara de chá da flor
Proibida
Eu e meu camaleão
Ao relento
Nesta profunda solidão
As pálpebras mortas de sonos
E estas variações mostram
Que o negro e o branco
Vive uma profunda harmonia
E esta existência sem sentido
Tem o lado belo
É assim que perco o sono
E levo mais uma noite perdida
Momentos que caio até
Em oração
E choro
Estas lágrimas que caem
Nas minhas elegias
São versos
De puro sentimento do meu pobre
Coração
E meu violão de poucas notas

Fica ali calado

sexta-feira, 18 de julho de 2014

A Navalha desdenha da Morte


Risco meus versos em guardanapos
Nas bordas dos pratos
Nos azuis deste céu
No ventre da estrelas que chegam
Anoitecidas

Arrisco na vida
Viver é perigoso diz o poeta
Amar é um verbo intransitivo
Aboliram o trema
As consoantes intervocálicas
E no fim eu estou sozinho
Na mesa desta taberna
Filosofando com as migalhas
Filosóficas

A xícara gélida repleta de não café
¼ de gim destilado no limão
E uma profunda desilusão
O romance ficou órfão
Meu ser é pura solidão
Ainda uma canção me consola
As cordas de náilon solam
Uma velha bossa nova
E meu mp3 aos pedaços desenrola
Variações de Goldberg
Porque a madrugada é longa
O mar canta aos meus ouvidos
Ária de antigas nereidas
E este luar macilento
E estas drágeas brancas
Deixam meu olhar insone
Atordoado nesta existência
Nesta noite de elegias
E bravias procelas
A vida morreu na própria
Vida
A morte em carne viva



              Luiz Alfredo - poeta

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Bob Marley Redemption Songs Live in studio acoustic - Lyrics





A liberdade é um conceito que não aceita
Nenhuma restrição
Nada pode tocar na sua esfera
Que não deixe seqüelas na sua amplidão

Alguma coisa tenta copiar e viver
Sua determinação
Um albatroz a sós na solidão do céu
Azul
Uma gaivota sobre a amplidão do mar
A conjugação de o verbo amar no subjuntivo
Presente

Impregnar-se pelos aromas das tangerinas
Riscar algumas equações do arco-íris
Na areia branca de uma praia ensombrada
De coqueiros e sabiás
Conversar com uma flor proibida
Com os olhos alucinados pelo seu sabor
Escutar uma canção com versos
Quase uma suplica
Uma profunda oração
Em que os acordes rasgam o coração
Balbuciada numa linda declamação
É aproximar-se da definição
Polida pelo filósofo que polia lentes
Para o olhar
Aproximar-se deste conceito
Que é uma profunda expressão
De Deus



                    Luiz Alfredo - poeta

sábado, 5 de julho de 2014

Minha Louca Paixão


Com a moça da alfazema
Ia para a novena
E para o cinema
Foi meu primeiro perfume
Minha inextricável paixão
Que adentrou minhas entranhas
Olor minha alma
E machucou meu coração
Perfumava minha tatuagem
Era o estribilho dos meus poemas

Este incontrolável amor platônico
Apenas arrefeceu quando conheceu
O telúrico patchuli nas melenas com nódoas
Dos cantos da graúna 
Ornada com uma rubra papoula
Em suma
E o hálito de alcaçuz e canela
Dos lábios dela

Outros extratos entraram 
Em minha vida
Vindo das peles jardins lavouras
Advindos das vitrines
E janelas
Mas eu já caminhava pelos nenhuns
Caminhos do ocidente
Minha aldeia era apenas uma fotografia
Em preto e branco
Quase sem contornos...

                          
                                  Luiz Alfredo - poeta