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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Versos Outonais

Escrevi meus poemas nas folhas
De outono
Perdi o sono
Perdi a noite
Mas ganhei dialogo com as estrelas
E com o luar
Singrei o mar
Bebi suas ondas 
Respirei sua maresia
E escutei versos ancestrais
Dos teus temporais ultra-românticos
Dos teus vendavais nos corações
Apaixonados
Escrevi outros
Num barquinho de papel
Depois o coloquei naquele córrego
Ocidental
Tem tempos que nosso coração
Torna-se vazio
E nossa boca não pode dizer
Mais nada
Nossos poemas perdem-se entre 
As folhas secas ao vento
O poeta deve saber que escrevemos
Versos para os espantalhos do campo
Depois para os cata-ventos
Afinal quem melhor entende nossos versos
Quê os cata-ventos
Ela nem sabe tantos dos meus versos
Principalmente o quê escrevo sobre a pele
Do rio
Deixe os poemas que eles sabem desenrolasse
Sabe dizer-se nos muros
Nos guardanapos
Nos papéis de embrulhos
São meus poemas sombrios
Escaparam das garrafas 
Do meu naufrago
Do roteiro do meu albatroz
Do meu navio
Vou pregar com os gritos
Destes corvos
Na noite de um belo luar

domingo, 13 de dezembro de 2015

Escura Noite


Caminho por uma noite
Escura
Estrelas apagadas
Ruas sem iluminação públicas
Apenas lapsos de faróis
De esparsos automóveis
Nenhum lume nas janelas
Nenhum vaga-lume
Nenhuma estrela cadente
Tem dias assim
Em que a noite é profundamente
Escura

Noite assim
Em que esta ditadura parece
Não ter fim
Discurso prolixo
Conceitos datilografados
Para impregnar o inconsciente
Para aparentar verdades
Mas são lixos
Apesar de você rolar na vitrola
Já não se medisse
O cálice tem outro teor
O aguardente outro sabor
Não vem dos verdes canaviais
Dos músculos explorados
Dos latifúndios
Dos coronéis
Dos votos demarcados
Dos amargos tonéis

Há noite que esquecemos Calabar
Não conseguimos nos lembrar
Do Conselheiro
Das lutas do Cangaço
Apenas da alcunha que rascunha
Seu discurso
Do molusco do mar do sargaço
Do cunha o quê propunha
Esperando a noite escura passar
E um sol com raios de esperança
Nascer na terra de santa cruz
Quem sabe lá também
Em santa cruz de la sierra


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Amoras Derretidas


Um sorvete de amora derrete
Na minha mão
Esfria minha aliança
O sol ardente
O canto da cigarra
O morno verão
Transtorna o encarnado gelado
Que escorre entre meus dedos
Congela o céu da minha boca
Esfria meu coração
Depois fica a casquinha
Vazia
E a cereja de sabor artificial
E as interrogações da vida
Um gole de água
E as antigas mágoas
E o termômetro morto
De calor


sábado, 14 de novembro de 2015

Pedras que rolam na minha vida

No principio
Eram apenas pedrinhas no fundo das águas verdes
Do igarapé azul
Pedrinhas tecidas pelas correntezas
Geometrias perfeitas
Peixinhos coloridos como a vida
Mas depois vieram outras pedras
Pedra na baladeira que feriu o peito livre
Do pássaro
O vôo da liberdade
A pele do rio
A primeira topada
Pedras que atrapalhavam meu destino
E rolavam baixinho na minha vitrola
Amarela
Brilhavam no céu
Quebravam meus dentes
Umas valiosas
Outras apagadas
Aquela bem no começo
Algumas perigosas
Obstruindo
Rasgando
Bem no meio do ureter
No fim
Na vesícula
No meio do caminho
No meio do verso
No poema do Cabral
Do Drummond
No meu rim
Na fronte do gigante
Na dose de gim
Pedra de diamante
Pedras que me fazem esquecer
De mim
Das coisas ruins
E seguir adiante

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Leopasrdo de passos Abstrato

Um leopardo passeia maciamente
Com suas patas pontiagudas amoladas
Velozes
Entre folhas mortas
E galhos retorcidos
Não faz nennhum ruído o leopardo
No poema do Francisco Carvalho


É um verso silencioso
Vaporoso numa noite nublada
De luar estupendo
O leopardo faz seus caminhos
Na floresta
Que é um poema cheio de metonímias
Orquídeas selvagens
E árvores antigas milenares

O leopardo fareja seus liquens
Seus cogumelos que guardam
Em suas sobrinhas
Os sonhos as alucinações as fábulas
Principalmente os passos do bicho
Homem
Este pode ser perigoso
Para as matas
Para os frutos
Néctares
seivas
orvalhos
Mitocôndrias
Bactérias
E as lendas

Este bicho captura quelônios
Borboletas
Peixinhos coloridos
Uiaras e seus cantos pântanos
Encantos
Coloca o leopardo em extinção
É o bicho homo
Olhos eletrônicos
Zoom de laser
Pupilas ultravioletas
Lentes precisas

Mas o poeta de Russas
Das Éguas
Leva o leopardo para passear
Nos seus versos

E que versos faz este bardo!

domingo, 11 de outubro de 2015

Doce Vida

Os doces na confeitaria
Contradizem o amargo da vida
Que passam no projétil ardente
Que ferem a bela tarde quente
Atingindo de sangue
As letras negras do tablóide

Os doces nas vitrines de cristais
Enche de saliva a boca
Do mendigo abandonado maldigo
Sem ais
Sem esperanças
Sem metais

O vidro cristalino adocicado
Recheado de frutas encarnadas
Confeitos encantados
Separa as classes sociais



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Agora sou do bando delas

Ando por este mar verde
Como os olhos de Rosinha
Tenho o meu luar do Sertão
Minha casinha minha cacimba
Meu pilão
Minha rosinha
Meu violão
Mas ando por estes mares
Do Ceará
Tenho a impressão que escuto
Nereidas
Poemas dos náufragos
Destroços das naus
Entro no céu de estrelas dos mares
Luares antigos
Maresia
Ondas bravias morrem sombrias
Nas frias úmidas areias da praia
Como pele de porcelana
Branca como a pele dela
Escuto antigas canções das ondas
Na concha no meu ouvido
Na palma da minha mão
Escuto bandos de gaivotas
Gritos que me enchem o coração
Com o tempo fui me acostumando
Com elas
Ando na orla sombreado dos parágrafos
Poéticos de Alencar
Coqueiros de palmas doces
E estas gaivotas em gritos
Quase alaridos
Acho que me tornei uma delas
Acho que me aproximei mais do conceito
De Liberdade
E comecei a pintar a vida

Com as cores do arco-íris

sábado, 29 de agosto de 2015

O Milagre do Amor


Era uma tarde muito quente
Você tomava um sorvete de amora
Nosso papo quase não demora
Você foi logo embora
Imaginei que nunca mais iríamos
Encontrar-nos
Que seriamos átomos viajando
Separados para sempre neste universo
Sem fim
Até guardei na memória lembranças
Dos teus enigmáticos olhos
Batom de cereja
Um guardanapo amassado
Que você deixou cair
Mas você voltou
E nunca mais saiu da minha vida
Nunca mais duvidei de Deus
Hoje dividimos a xícara de café
E bebemos o amanhecer
Os cantos dos pássaros
A barra de chocolate
E nos impregnamos de tangerina
Acho que Deus teve pena de mim
E tomou meus poemas apaixonados
Como uma oração




quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Eu sei que não era amor

Olhaste para mim
Com um lapso sorriso
Nos lábios
Nem era amor
Pra mim foi um Deus
Me acuda
Era um poema de amor
Do Neruda
Minha palavra ficou
Muda
Era um grande amor
Imenso demais
Não esquecerei jamais
Agora sou uma alma
Perdida
Nunca mais vou me encontrar
E era apenas um belo sorriso
Nos lindos lábios de batom
Doce como a seiva da flor
E nem era amar
Nem prenuncio de paixão
Pra uma bomba de mil megaton
Um cogumelo atômico
Que explodiu
Meu pobre coração


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Flor do meu Sertão



Sem os poemas do Patativa
Do Assaré
A margarida despetalada
Balbuciando na última pétala
Em cima de uma poesia
De Florbela
Que ela não me ama
O que será de mim
Sem ela
O luar do sertão ainda
É lindo
A rosa Amélia é bela
E floriu no vaso da janela
Meu coração agora é um soneto
De Vespasiano Ramos
Declamando saudades
Minhas mágoas

No Cai N’ água

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Tudo Mudo



                                                        Te hamei
                                     Está certo
                                     Tudo foi um haga
                                     Aquele soneto apaixonado
                                     Aquele bocado de rosas
                                     Aquele vinil
                                     Foi só de H

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Dioneia


O arco-íris que ganhei
Dos olhos dela
Eu os perdi quando a beijei
E ela fechou as pálpebras
E entrelaçou os cílios
Como uma Dioneia

Tudo que passei a ver
Foi um labirinto de cores
Impronunciáveis
Um caleidoscópio despedaçado
Quando fechei os meus
Ainda bem que o recuperei
Quando os abri
Ele estava numa lágrima pendida

Numa gota de orvalhos na pétala
De uma rosa
Na fluorescência de um cogumelo
Que brotou no mugido da vaca
Num verso de Apollinaire


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Hermética gota


Na pétala de uma flor desliza
Uma gota de orvalho cristalina
Uma nota musical
Repleta de um quântico arco-íris
A rosa também chora
E na sua tez desliza uma gota
De lágrima

A dialética é uma ciência
Que não foi toda desvendada
Por isso acho estupendo uma gota
De orvalho escorrendo
Numa flor num galho
Um corvo olha de soslaio
E aquele raio ultra-romântico
Do ambarino luar
A gotícula prismática tem seu último
Ato
No palco da vida

Mas não pense que a gota morre
Não
Ela se divide em múltiplas gotinhas
E cada uma tem seu raio de luz
E sua história
Desfazem no ar
Ou caem no chão
E vão encharcar raízes profundas
De árvores repletas de parábolas
E ninhos
Onde sob sua sombra
Vem descansar o leopardo
De olhar metafísico
Aquele que decifra os enigmas
Do necessariamente humano


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Vela em Chamas




Este vento quente que sopra
Meu semblante
Faz singrar a vela e
Seu almirante
Que cheio de esperança
Destrança a trança de cabos
E alça vôo
Recolhendo ancoras e deixando
Alguns pretéritos
Algum amor no cais
Entreabre um espumante
Numa concha ou
Numa taça de cristal derramam
Gotas de cristais

A nave jaz
Seguindo o roteiro como um albatroz
Veloz vai
Assaz
Como uma gaivota que se desligou
Do bando
E debandou
Agora não come somente sardinhas
Mas pedaços de estrelas
E tanto azul do céu


segunda-feira, 22 de junho de 2015

A Mosca Azul




Não vou te matar
Oh mosca
Vem de pré-históricas larvas
Lavas de vulcões
Chuvas de meteoros
Sopas de amônias
O sol na medida certa
Medido com compasso no infinito
Espaços
De infinitas estrelas que começo
A contar
E não sei quando vou terminar
Tantos eclipses de luas
E você vem de lá mosca
De tantos globos oculares
Sentar no meu pão
Parábola do meu dia fatigado
Sobrevoar o meu leite
Metonímias do meu gado
Estou cansado de mortes
Não vou te matar
Pode se lambuzar no meu mel
Eu compartilho contigo o meu céu
Azul
Pode zumbizar
Cuidado apenas com aquela plantinha
Seu perfume é mortal
Ela é uma planta com instinto animal
Tem estranhas vísceras
E mandíbulas afiadas
E não tem o coração de poeta

Tomando chá com torradas

domingo, 14 de junho de 2015

Ser poeta


Faço poemas por que sou poeta
E nada mais sei fazer
Senão como uma cigarra reluzida
De verão
Uma formiga uma enxada e um pilão
E este luar do sertão
Verso que não é meu
O poeta me emprestou
Nessa solitária imensidão
Nordeste que não foi acesso
Apenas no luar e nas fogueiras
De São João
Teve Lamparina Corisco e Lampião
Mais tem Cancão sabiá patativa
E corrupião
Tem Conselheiro e o belo arraial
De Canudos
Com seu pão e terra repartidos
Para todos
A parábola da semente de trigo germinada
O milagre da criação
O exercito da República Federativa do Brasil
É vencida pelo exercito do Senhor
Armados com seus terços e bacamartes abençoados
O poeta mergulha na palavra
Com certeza se afogando
Ficando sem ar
Quase perdendo a respiração
Mas a traz para o verso
E a diz nos acordes da viola
A pérola rara
Que quase mata a ostra
Agora jaz bivalve
Numa praia do Ceará
Enquanto que  a pérola brilha
Num colar
Num lindo pescoço de uma donzela
Mas um hippie ajuntou estes búzios
E fez uma mágica mariposa
E de uma de suas asas
Fez um brinco pra ela
O poeta vive por ai
Brincando com as luzes
Que caem de suas pálpebras
Nunca estudaram o arco-íris
Sempre penso que Spinoza
Fora condenado por ter estudado
O prima na sua natura
O arco-íris nos céus
E nas pálpebras também
Não conhecem seus poemas
Nem a equação
Que ele traz


domingo, 24 de maio de 2015

Uma Louca Saudade



Bate uma saudade louca
De você
Reminiscências que o tempo
Não apagou
Ficou no álbum de fotografias
No hálito do vento
Impregnado no vão do corredor

As rosas do jardim
Não esquecem teu perfume
E ficam declamando teu soneto
Preferido
As orquídeas com ciúme
Aquele verso lido nos ouvidos
Das calêndulas
Que até hoje fica embalando-os
Ao vento

Ah! Os teus beijos eu nunca vi
Ficam nas bocas das papoulas
Nos voos congelados
Dos colibris
Nas colheitas das abelhas
Nas odisséias das borboletas
No aroma dos zimbros
No balouçar das nifeias
Nos coloridos das azaléias
Nos estames por aí
Até aquele pássaro azul
E o bem-te-vi não esquece
De ti

E você ainda achou de esquecer
Tua cigarreira
Teu terço ortodoxo
E o livro do Lorca
Mas o que ficou mesmo foram
As gravuras
Ranhuras profundas no meu coração
O murmúrio dos teus lábios
Que como o bramido do mar
Não se acabam nunca





quarta-feira, 20 de maio de 2015

Esquecido nos vinhedos




Perdi a conta
De quantas estrelas
Tem no céu

Esqueci de colocar
Carvão no sol
E o dia quase não
Amanhecia

Não coloquei querosene
Na lamparina
Nem no lampião
As mariposas quase morrem
De inanição

Esqueci o caminho dos girassóis
Acabei perdido numa noite enluarada
Dando de cara com uma estrela
Cadente

E nem escrevi o poema
Fiquei vagando pelo vinhedo
Dos teus cabelos
Embriagado no cálice do teu umbigo
Imbricado na curva dos teus seios
Perdido no teu caminho

Nos teus lábios endeusados de vinho

sábado, 16 de maio de 2015

Versos Desmedidos




Não sabia que as noites demoravam
Tanto
Quando a alma sofria de paixão
Quando o coração pulsava no tempo
Da solidão
Até os sonetos
E os fados na vitrola não tinham fim

Nem o luar ia embora
Parecia com pena de você
E as estrelas nestas noites insanas
Tornam-se poetisas parnasianas
Debruçando nas janelas
Reluzindo nas marquises
Tresloucados versos de amor
Até mesmo no amanhecer
Quando o sol apaga as estrelas
E silencia os seus poemar
Ainda ficam balbuciando pedaços
de versos apaixonados

Mas o dia não fica atrás
Traz as flores que dela lembram
Os ensolarados girassóis
Os encantados rouxinóis
E no vão do quarto os poemas
Inacabados
Espalhados entre os lençóis
Jogados pelo chão
Poemas de antigos bardos
E o rouco violão
Morto de sono





sexta-feira, 15 de maio de 2015

Uma Dose Apenas



O absinto era para apagar
As lembranças
Aquela tarde azul
O crepúsculo do teu olhar
A canção do mar
Os gritos das gaivotas

Mas fez foi revelar tudo
No seu toner
Ainda trouxe a tona
Aqueles versos finais
Do Neruda
E o soneto do Vinicius
De Moraes

Oh! Alma do agave
Deixou grave este meu pobre
Coração
Oh! Era pra ser só uma tequila
Tranqüila com sal e limão
Contudo
Não esta doce revelação
Com data e tudo

E pedaços da canção

terça-feira, 5 de maio de 2015

Você pode apagar minha lanterna





Não
Não digas nada não
Aos meus ouvidos
Teus versos já disseram
Quase tudo ao meu coração

Não encostes tanto perto
De mim
Teu perfume pode enlouquecer
Meu beija-flor
Pode furtar a cor dos meus olhos
O que sobrou do meu arco-íris
A metáfora da caixa do meu lápis
De cor
Podem morrer incolor
Pode não reconhecer a aurora
Do amanhecer

Não
Não fale do seu pássaro
O meu que se encontra aprisionado
Pode pensar que é amor
E com seu giz de cera
Tentar desenhar suas asas
E voar na amplidão do teu olhar
E se perder para sempre
Ele não sabe caminhar de mãos
Dadas
Nem dividir a barra de chocolate
E o teu sorvete de morango
Pode congelar meu coração

Por favor
Não me olhe assim com este teu olhar
Tuas belas pupilas podem apagar
Minha lanterna
Meu sol meu luar
E me deixar na escuridão




segunda-feira, 4 de maio de 2015

Cogumelo Concreto





                                                          




             
                O
                       G
                       U
                       M
                       E
                       L
                       O


sábado, 25 de abril de 2015

Como era o nome dela



Ela bela na janela
Não é Joana nem Maria
Não é sicrana nem diria
Eu sei lá do nome dela

Não é Carolina nem Gabriela
Apenas sei que é mui bela
Nem a rosa nem o sol
Nem o girassol e o arrebol

Tem mais formosuras que ela
Lábios rubros de groselhas
Um velho a olha de esguelhas

O espantalho no campo
Rouxinol canta no galho
Encantados ao seu encanto

quarta-feira, 22 de abril de 2015

MAÇARICO




M A Ç A R I C O
COM
       BICO
            CAÇA
ELE
        A JAÇANÃ
                  A GARÇA

A PIABA
        O CARA
             A PIRAMUTABA

NO RIO
           GARAPÉ
                  IGAPÓ

ELE
     O JABURU
            E O SOCÓ

NO AGUAPÉ
     NA VITÓRIA – RÉGIA
        IFEIAS

MAÇARICO
               BICO
    ARISCO

NUM RISCO
        BORBULHA
VISCO

VISGA
    A LARVA
     O ALEVINO
            O JIRINO

ASSIM
      VIVE
         SEU DESTINO

ELE
   A GAIVOTA
          O JACAMIM









terça-feira, 21 de abril de 2015

BEM-TE-VI





                   I
BEM – TE-
                   V
ES
UMA
NOTA
NA
PAUTA
DE
LUZ

UMA
CANÇÃO
AO
SOL
EM
SOL
SUSTENIDO

PEITO
AMARELO
ESTENDIDO
NO
FIO
SUSPENDIDO
DE

LUZ

domingo, 19 de abril de 2015

Ainda Sobrou um Dia





Antes de Cabral e Colombo
Eram todos os dias
E todas as noites eram suas
Com as naus vieram os maus
Com seus hálitos de pólvoras
Contaminados
Seu norte imantado
A morte montada a cavalo
Seu bacamarte engatilhado
Seu pescado defumado
Seus delírios
Seus destilados
Seus ais
Seu colonialismo escravocrata
Seus governos gerais

Com suas caravelas de panos
O espelho com suas ilusões
De óticas
Suas missas em latim
Suas premissas enfim
Quase sem fim
Seu falar lusitano
Calaram o tupi
Venceram o tacape
Apagaram o urucum
Da sua face
Calou a flauta de sua boca
Vestiram sua nudez de roupa
E numa escritura de disfarce
Sua aldeia


Seu calendário gregoriano
Deixou apenas um dia
O dia do índio
Quase extinto no litoral
Perseguido na Amazônia
Dia de Santa Ema da Saxônia




Minha riqueza inesgotável



Com meus pobres versos
Vou construindo minha riqueza
Poética
Mesmo emprestando a poesia
Do poeta revolucionário da Rússia
E do poeta de Russas
Eles não me cobram juros
Nem das entrelinhas nem das reticências
Nem das metáforas
O lucro é todo pra mim

Com minhas pobres rimas
Vou tecendo a poesia todo santo
Dia
Toda santa noite
Com suor vou plantando
Minha lavoura
Meus delírios
Vou vestindo meus girassóis
E meus lírios
Claro que nunca serão
Tal como os provérbios de Salomão
Nem uma estrofe divina
De Tagore

Mas serão poemas do meu pobre
Coração
Pobres poemas de uma paixão
A não se apagar
Declamados no cálice da noite
Ao luar
E para imensidão estrelar
São silabas inacabadas como as estrelas
Que não podemos contar

Alguns eu queimo nas lamparinas
Nas crinas das estrelas cadentes
Na colher de absinto incandescente
Nos fulcros ardentes dos vaga-lumes
Alguns eu apago no látex defumado
Da seringueira
Outros eu afogo nas ondas bravias
Do mar


quinta-feira, 16 de abril de 2015

M A S C A N D O











         C  H  I  C  R  E  T  E




            R 
                       H 
      I

                  C           E

                         T     
                  C    
                           E


                          Luiz Alfredo - poeta