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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

doce tétrico


Vago
Divago
Na mente
Trago
Sob um luar
Âmbar
A andar
Na madrugada
Apenas Eu
E os presságios
Das corujas
E os ecos dos morcegos
Rasantes
No cemitério
Dos Inocentes
Escutando alguns versos
Dos sonetos apaixonados
Do bardo
Vespasiano Ramos


domingo, 3 de novembro de 2019

curumim levado na breca




Mamãe sempre dizia
Menino deixa disso
Vai estudar a tabuada
Não suja o uniforme
Dois cruzeiros pro lanche
Não dou mais não
Você vai comprar jujuba
E chiclete ploc
Pra tirar as figurinhas
Quero ver o boletim
Não vá gazetear
E ir pro cine Lacerda
Não leve o Tio Patinhas
Nem o livro da Cassandra Rios
Vê se te ajeita
Nem pense em Cousa Alguma
Nada de tomar cachaça
Se eu souber que fumou Malboro
Com aquele tal de Oldegar
Foi  ver briga de Galo
Galo-campina curió e sabiá cantar
Tem que estudar inglês
E deixar de falar gíria
Perambular no lupanar
Tomar conhaque no bar
Pegar suspensão
E advertência na caderneta
Não esquecer o caderno e a caneta
Nada de Álvares de Azevedo
Poesia não leva ninguém pra frente
Acordar bem cedo
Escovar os dentes
Quero ver a sacola
Pra ver se tem algo diferente
Aquela tal de maconha e entorpecentes
Se tem alguma garrafa de aguardente
Tome o biotônico fontoura
Pra não ficar doente
Leve a foto de Nossa Senhora
E respeite os mandamentos de Deus
Ame pai e mãe
A já ia esquecendo pode deixar
O toca fita e aquelas fitas horrosas tenebrosas
Do Pink Floyd e a tal da doida doa Joplin
Nem levar aquele compacto do John Lennon
Aquele que só canta drogado
Foi até proibido tirou uma foto nu
Com uma japonesa muito doida
Nem a revista daquela noiada
E seu pai já pediu
Pra não andar com aqueles livros vermelhos
Nem desenhar a foice ou a estrela no braço
Presta atenção na vida
O 6º Batalhão está na rua
E se pegar mete a surra
E nada de roubar o fusquinha
Do seu pai e se mandar na madrugada
Olha lá nada de pico cheirada e tragada








saudades da mamãe



Mamãe não quer
Que eu trague um
Nem escute Jimi Hendrix
Nem dê um zoom na Porralouca
Nem tome mandrix
Nem faça poesia
Nem leia Cassandra Rios
Nem maresia
Nem curta Bayron
Nem passei  no cemitério
Nem fique devagar
Ao luar
Fumando um milho
Nem ficar a noite com as mariposa
No lupanar
Nem escutar a orquestra de grilos
Sonhar caleidoscopicamente
Nem mascar chiclete
Nem tomar absinto
Quer que eu vá ao colégio
Domingo a missa
Deixe de ler Vespasiano Ramos
Haicais
Estas estranhas premissas
Assais
Um Kareta euclidiano catesiano
Mamãe é daquelas católicas
Que conhece a linguagem do sino
Sabe os hinos
Debulhar o terço
E rezar com o véu na cabeça
Ler a bíblia
E sabe alguns versículos de cor
Conhece o catecismo
E tem na cabeceira uma vela acessa
Uma imagem do papa
E outra de São Francisco
Paga promessas
Esmola
Dizimo
E reza todo santo dia
Não quer que toque violão
Porque é coisa do diabo
Ela nem sabe que o diabo
Faz belas canções
Ensina muita gente a tocar
Ele era um maestro de Deus
Mais Deus é que faz todos os instrumentos
Letras e sentimentos
Assaz
Faz ajoelhar satanás
Ele está em todo lugar
Ele sabe conjugar o verbo amar
O acorde perfeito
Ler as partituras e os sopros do vento
Não está somente na igreja do areal

Nem na catedral
Afina as cordas das cítaras
Faz profundos arpejos
Minha oração é toda hora
E dele eu não consigo deixar
De pensar
Nem me desvencilhar
Ele é tudo
E está em todo lugar
Subjuga até o inferno
 Plantou e fez brotar todas as ervas
E nos deu para comer alguns frutos
Mamãe não quer que eu coma manga
Do cemitério
Nem com sal
Nem use pacau
Não tome mel
Nem coma chocolate
Nem garapa de cana
Rapadura
Cogumelos
Nem caramelos
Nem ande nas noites escuras
Nem converse com as estrelas
Nem acenda as lamparinas
Nem os vaga-lumes




domingo, 13 de outubro de 2019

Garoto









               
Loko            curumim

Olhar   guaraná

Tomo             Garoto

Aqui    ali    acolá

Pvh                   Pará

         Belém

Eu gosto de tí







                             
        Leva   refri   Tai

        Toma              ai

        Curta            Vai

        Tome  Tai   aqui

        Gelado

                 Fumaçando

                 Sedento


                      Luiz Alfredo

Abre um Marau








                               Beba guaraná Marau

            Tome               Marau

            Beba                Marau

            Sede                 Legal    

           Saquinho

          Canudin

                      Geladinho



         Luiz Alfredo

Um Clush e um chiclete Ploc










                                 
          B e b a     C l u s h

          N o          F u s c a

          N o             R u s h

          C a l o r

          F r e s co r  
  

                              Casco




          Luiz Alfredo - poeta

Ual Manaus um Tuchau



















                          Beba guaraná tuchau


          Babe                tuchau

          Beba                tuchau

          Babe    tuchau    saco

         Casco

         Refri

                              Gelado


UMA CONCRETO TALVEZ UM POSSO TER ERRADO A GEOMETRIA

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sábado, 21 de setembro de 2019

desvairados


Amanheceu poema
E terminou numa vela macabra
Numa chama que se apagava
Aos poucos
Num pavio sombrio ambarino
Sombrio
Queria ser poeta arcaico
Cuidar de ovelhas cabras
Nadar naquela lagoa esverdeada
Mas seria um patinho feio
Entre aqueles marrequinhos multicoloridos
Quem sabe viraria um cavalo marinho
Ou de permeio uma libélula
Fazia um pouco de frio
Folhas se desprendiam das árvores
E caiam mortas no chão
Cogumelos nasciam nas árvores apodrecidas
Orquídeas adornavam as que cresciam
Lagartas saiam das suas metamorfoses
Criavam asas e iam conhecer o infinito
O sol ia bebendo os orvalhos das flores
E abrindo as trilhas da floresta
E eu com minhas mãos trêmulas
Óculos embaçados pestanas sonolentas
Escrevia poemas desvairados
Um bardo de alaúde desafinado
Tomava um chá de pétalas frio
E os poemas destinados
Eram perdidos pelo chão
Na lata de lixo
Agora sem agasalhos olhava os pássaros
Que cantavam nos galhos
O vento soprava seus acordes nos orifícios
Do bambu
Fiz até um soneto
Um haiku
O céu agora estava azul
Mas eu estava deprimido
Tomei um comprimido
Olhei para o meu velho mido
Escutei o ruído do beta
Queria sua ração
Voltei pra sala e desliguei o computador
Estava passando o sono
As vertigens a dor
Estava voltando a ração
Bati umas clorofilas com camomilas
No liquidificador
Acendi o televisor
Mas nem olhei pro visor
Sentei-me no sofá
E comecei a delirar a sonhar
E abri bem os olhos
E comecei a ler um Zola
E sem demora dei uns goles
No suco
Comi uma colherzinha de aveia
E fiquei ali observando uma aranha
Fazendo sua teia
Para pegar sua ceia
Na televisão passava o Japão
E seu eletrônico arpão
Matando baleias
Eu até olhei para os meus caniços
E pensei deixa as sardinhas pra lá
Elas querem é viver comer e nadar
Não querem ser enlatadas
Nem ir para a frigideira
Vou pescar poemas na estante
E num instante esta lendo
Um Manuel Bandeira
Queria ser era magro tal o Gullar
E fazer uma escansão num quarteto
Depois ir escrever poemas na praia
Com José Anchieta
E se a maré estivesse cheia
Escrever versos no meu maldito
Diário
Ou em folhas mortas
Não faço versos pra que alguém
Os leia
Faço poemas pra mim
Meu beta e camaleão
Até eles ficam puto quando
Eu os declamo pra eles

                                           Aedo Lobovsly




sábado, 6 de julho de 2019

houve um tempo


Houve um tempo que meu amigo era uma garrafa
De conhaque
Uma caixa de cigarro Calton
Uma vitrola amarela arranhada
Rolando um Pink Floyd
Houve um tempo que passeava pelo cemitério
Sentava no túmulo de Vespasiano Ramos
E declamava os sonetos de Cousa Alguma
Clareado pelas velas que derramavam sua cera
Macabra
Por um luar ambarino perpassado por nuvens escuras
Penumbras sombrias
Estrelas apagadas
Perambulava solitários por ruas de filamentos apagados
Escuros muros pichados de riscos loucos
Sentimentos de bardos embriagados
Por poemas soturnos
Noturno sorumbático lunático
A donzela que eu amava sonhava gamava
Nem olhava pra mim
As flores do jardim derramavam nos seus orvalhos
Que eram minhas lágrimas
Sonhava profundos devaneios pesadelos paranóias
Meus poemas de cabeceira
Eram pedaços de versos de


Byron
E Álvares de Azevedo
Um Abajur quase apagado por mariposas
Impertinentes
Uma faca amolada na bainha
Um estojo amassado de barbitúricos
Um cinzeiro
Um velho isqueiro zipo
Uma Mariajuana proibida dada uns pau
Meio copo de  água
Houve um tempo de madrugadas
Levadas pela fumaça dos cigarros
Pelos goles de gim
Por acordes de um violão apaixonado
Versos inacabados
Realejo mal soprado
Sol que assustava meu vampiro
Luar que iluminava minha desesperança
E deixava meus poetas mui locos
Meus versos incoerentes
Meus bolsos sem documentos
Minha vida um barco sem velas
Um mar de ondas bravias
Sem albatrozes e farol
Uma rua que não me levava a lugar nalgum

                                       Luiz Alfredo - poeta


domingo, 16 de junho de 2019

apenas poesia


Fazer poesia pra tocar por pão
Pedaços de metal
Vinténs
Não
Fazer poesia para alimentar a alma
E o coração
Ser poeta não apenas por ensino
De UF
Academias
Pelo ensino
Mas por destino
Escrever nas folhas mortas da vida
Na tela da mente atordoada
Por alcalóide
E pela própria vida
Não pelo a escola
Mas pela viola ávida de cantos
Seguir meu destino de trovador
Sem pátria
Sem fronteiras
Sem amor
Apenas ser pássaro osculando
Versos para a lua
Para o sol
Para flor
E para Deus



sexta-feira, 14 de junho de 2019

manchado


Não gostei deste concreto
E terminei-o com cal
Ficou um poema manchado
E o grafite chateado...

quarta-feira, 6 de março de 2019

PVH


Sem Mellem
Sem alguém
Sem ti
Sem o Guarani
Sem as balas do Giuliano Gema
De hortelã
Anis
Sem o Cine Brasil
Depois um suco de cupu
No bar do Arara
Um guaraná  Marau
Ou Tuchau
No Café Santos
Uma salteña no J. Lima
Sem o Resky
Um kibe no Almanara
A Bringite Bardor
Sem o teu amar
Um licor de jenipapo
Sem aquele papo no canto
Sem o teu encanto
A poesia do Bolivar
Sem aquele bar
As jujubas coloridas
O chiclete ploc
Suas figurinhas
Um sabor pregado
Nos dentes
Bolinhas no ar
Sem ti
Sem o gibi
Da Brotoeja
Arqueja meu pobre
Coração
O trem da EFMM
O filme acabou
Não tem mais bilheteria
O tempo passou
E não volta jamais...

                    Luiz Alfredo - poeta



domingo, 3 de março de 2019

mal-me-quer


Mal-me-quer

Despetalei um mal-me-quer
Fiz um soneto de pétalas
Queria ser um Mallarmé
Ser lido por cada uma delas

Um soneto de orvalhos
Com os raios do luar
Caí gotas dos galhos
Conjugo o verbo amar

Vem a negação do não
O positivo do sim
Advérbio de negação

Vem o amor até que no fim
Pétalas dizem sangrando
Que se pode amar enfim

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Esquinas de PV


Cuidado que naquela esquina
Tem o sorriso da mina
Bela e traquina
A ladeira que me leva pro lado
De cima
A avenida que nunca termina
Os versos recitados cantados
Pichados
Do Binho
Bahia
E do Mado...
Tem o tacacá com murupi
Jambu e tucupi
O Bairro Caiari
Tucumã
A vila Tupi
O bardo Tupinambá
O bando alvoroçado de araras
E o balé das andorinhas
O emoliente dormente caliente
Tacacá
Os acordes dolentes do Bado
A cá saudade do sanhaçu
Peito-roxo
O canto da sabiá
Azulão sanhaçu
O doce de cupuaçu
O arrulho do nambu
Do jardim de bambu
Ipê roxo
O canto da juriti
O campo úmido de buriti
Saudades de ti
Meu Porto Velho
Maria Fumaça
Que vem e que passa
Para Guajará-Mirim
Ai de mim
Pobre poeta no vão
De galáxias
Uma crônica do Basinho
Uma música do Laio
Um barzinho
A branquinha tatuzinho
De soslaio olho este arrebol
Do mirante
Por um instante o sol de Calama
Aquela cunhã
A sapecada curimatã
afã
O translúcido esverdeado lago
Do cuniã
Trago o sonho da doida manhã
Rede de tucum
Enrolando um
Um té de mate
De arremate uma pamonha
Uma...
Torradas com geléia de avelã
Cuia de açaí patuá
Pupunha e tucumã
Ainda não sei viver sem você
Minha PV...
Nem sei quando ainda
Vou te ver
Mas levo tuas lembranças
No meu melancólico coração
Alto do Bode
Vê se pode
Baixa da União
Ramal São Domingos
Cai n’água
Rua do Coqueiro
Três bueiros
Rio Madeira
Mucambo
Travessa Mamoré
Igarapé Grande
Triangulo muito blues
Carimbos boleros mambos
Biribas jambos
Sonho Azul

E no meu doce viver...
Vou levando você