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segunda-feira, 17 de março de 2014

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Era um poeta milenar
Morreu
Mas ficava do seu túmulo
Recitando versos
Para as almas penadas desta terra
De meu deus

No seu espólio continuam
Encontrando papeis rabiscados
São versos embriagados
De lirismo
Talvez escritos ao acaso
Agora vira caso
De uma dissertação

Uma carta de amor
Foi uma revelação
Reviraram letra por letra
Com se abrissem um coração
Procuram à musa
Seu nome
Seu perfil desenhado
Numa garatuja

É poeta em vida
Nem ligavam para ti
Teus versos se estragavam
No asfalto molhado da urbanidade
Eras apenas mais um transeunte
Um violão que bocejava acorde
Deformado
Abafado
Pelo trânsito engarrafado
Um bardo enluarado de absinto
Um cachimbo vaporoso
Pinceis manchados de auroras
Um estojo amassado de lápis
De cores

Pouco dinheiro no bolso
E um mapa da América do Sul
Rabiscado
Uma bússola atordoada
Mas os versos corriam nas veias
Que sangravam
Pelos caminhos desta galáxia

Caiam por aí
E iam formando constelações
E mesmo depois de morto
As estrelas não param de nascer


                                Luiz Alfredo - poeta



3 comentários:

  1. Bom dia, Luiz. Acho que os maiores artistas - poetas, pintores, escritores - são sempre reconhecidos após a sua morte.
    Muito verdadeiro.
    Tenha um bom dia!

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  2. Post mortem
    Então era um poeta transcendente
    Dos que morrem e continuam vivendo
    Rabiscava seus poemas belamente
    Mesmo que ninguém estivesse lendo.

    Revelando-se ao mundo seu escrito
    Descobriu-se daí seu grande talento
    Ficou portanto, o não dito pelo dito
    Esquecendo que criou para o vento.

    Pois era um poeta que criava estrelas
    Mesmo quando não pudesse vê-las
    Porque tinha cabeça cheia de lirismo.

    E seus versos repletos de pigmento
    Coloriam astros do nosso firmamento
    Com palavras destituídas de cinismo.

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