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quarta-feira, 1 de junho de 2016

zoutros noutros

Diga lá jacamim
Quem foi que te fez assim
Não cantas como o sabiá
Nem faz ninhos como o japim
Chocando outros ovos 
Criando os filhotes como seu
Não é o pássaro prometido
Por Prometeu
Não cantas como o assum-preto
Nem desdobras como o curió
Nem tem os presságios do melro
Nem o grasnar do corvo
O mergulhar da gaivota
O bemol do quero-quero
Com certeza para não viver só
nem entendes de chuava como o cancão
nem de arribação como a asa-branca
nem tens a garra amolada como o gavião
Como não pescas como o martim-pescador
Nem como o socó
Nem fazes o roteiro do albatroz
Nem veloz como a siriema
Que desorienta serpentes
E as estraçalha no bico
Nem melodiloso como o uirapuru
nem o lamento po´wetico do patativa
nem a melancolia da nambu
Nem tens o azul do céu na pena
Como o canoro sanhaçu
Nem acordas a aurora 
Como o bem-te-vi
Nem tens o bico afiado como o carcará
Por isto crias os filhos
Dos outros
Que por confiarem na mãe
Dão seus ovos pra ela chocar
Como não és como a cegonha
Não dá eles pra ninguém criar