Seguidores

domingo, 24 de maio de 2015

Uma Louca Saudade



Bate uma saudade louca
De você
Reminiscências que o tempo
Não apagou
Ficou no álbum de fotografias
No hálito do vento
Impregnado no vão do corredor

As rosas do jardim
Não esquecem teu perfume
E ficam declamando teu soneto
Preferido
As orquídeas com ciúme
Aquele verso lido nos ouvidos
Das calêndulas
Que até hoje fica embalando-os
Ao vento

Ah! Os teus beijos eu nunca vi
Ficam nas bocas das papoulas
Nos voos congelados
Dos colibris
Nas colheitas das abelhas
Nas odisséias das borboletas
No aroma dos zimbros
No balouçar das nifeias
Nos coloridos das azaléias
Nos estames por aí
Até aquele pássaro azul
E o bem-te-vi não esquece
De ti

E você ainda achou de esquecer
Tua cigarreira
Teu terço ortodoxo
E o livro do Lorca
Mas o que ficou mesmo foram
As gravuras
Ranhuras profundas no meu coração
O murmúrio dos teus lábios
Que como o bramido do mar
Não se acabam nunca





quarta-feira, 20 de maio de 2015

Esquecido nos vinhedos




Perdi a conta
De quantas estrelas
Tem no céu

Esqueci de colocar
Carvão no sol
E o dia quase não
Amanhecia

Não coloquei querosene
Na lamparina
Nem no lampião
As mariposas quase morrem
De inanição

Esqueci o caminho dos girassóis
Acabei perdido numa noite enluarada
Dando de cara com uma estrela
Cadente

E nem escrevi o poema
Fiquei vagando pelo vinhedo
Dos teus cabelos
Embriagado no cálice do teu umbigo
Imbricado na curva dos teus seios
Perdido no teu caminho

Nos teus lábios endeusados de vinho

sábado, 16 de maio de 2015

Versos Desmedidos




Não sabia que as noites demoravam
Tanto
Quando a alma sofria de paixão
Quando o coração pulsava no tempo
Da solidão
Até os sonetos
E os fados na vitrola não tinham fim

Nem o luar ia embora
Parecia com pena de você
E as estrelas nestas noites insanas
Tornam-se poetisas parnasianas
Debruçando nas janelas
Reluzindo nas marquises
Tresloucados versos de amor
Até mesmo no amanhecer
Quando o sol apaga as estrelas
E silencia os seus poemar
Ainda ficam balbuciando pedaços
de versos apaixonados

Mas o dia não fica atrás
Traz as flores que dela lembram
Os ensolarados girassóis
Os encantados rouxinóis
E no vão do quarto os poemas
Inacabados
Espalhados entre os lençóis
Jogados pelo chão
Poemas de antigos bardos
E o rouco violão
Morto de sono





sexta-feira, 15 de maio de 2015

Uma Dose Apenas



O absinto era para apagar
As lembranças
Aquela tarde azul
O crepúsculo do teu olhar
A canção do mar
Os gritos das gaivotas

Mas fez foi revelar tudo
No seu toner
Ainda trouxe a tona
Aqueles versos finais
Do Neruda
E o soneto do Vinicius
De Moraes

Oh! Alma do agave
Deixou grave este meu pobre
Coração
Oh! Era pra ser só uma tequila
Tranqüila com sal e limão
Contudo
Não esta doce revelação
Com data e tudo

E pedaços da canção

terça-feira, 5 de maio de 2015

Você pode apagar minha lanterna





Não
Não digas nada não
Aos meus ouvidos
Teus versos já disseram
Quase tudo ao meu coração

Não encostes tanto perto
De mim
Teu perfume pode enlouquecer
Meu beija-flor
Pode furtar a cor dos meus olhos
O que sobrou do meu arco-íris
A metáfora da caixa do meu lápis
De cor
Podem morrer incolor
Pode não reconhecer a aurora
Do amanhecer

Não
Não fale do seu pássaro
O meu que se encontra aprisionado
Pode pensar que é amor
E com seu giz de cera
Tentar desenhar suas asas
E voar na amplidão do teu olhar
E se perder para sempre
Ele não sabe caminhar de mãos
Dadas
Nem dividir a barra de chocolate
E o teu sorvete de morango
Pode congelar meu coração

Por favor
Não me olhe assim com este teu olhar
Tuas belas pupilas podem apagar
Minha lanterna
Meu sol meu luar
E me deixar na escuridão




segunda-feira, 4 de maio de 2015

Cogumelo Concreto





                                                          




             
                O
                       G
                       U
                       M
                       E
                       L
                       O