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domingo, 29 de setembro de 2013

O Menino que nunca Envelheceu


O meu problema de envelhecer
Não foi o enrugamento da pele
Nem a queda dos cabelos
Nem as retinas cansadas
O coração machucado pelas paixões
Pelos lipídios

É o menino que nunca foi embora
E continua jogando pião
Dentro de mim
Na palma da mão
Brincando com as bolas de gudes
Coloridas pelo arco-íris
Empinado papagaios de papel crepom
Manchado
Fazendo aqueles acordes quadrados
No violão todo arranhado pela vida
E apaixonado pelos poemas
Ultra – românticos

Não mata mais passarinhos
Nem aprisiona os pobres preás
Mas permanece ali
Como se a vida fosse um calendário
Que não se desfolha
Um verbo sem pretéritos conjugados
O tempo na velocidade da luz
Um flamenco andaluz
Aquele blues na janela verde...


                     Luiz Alfredo - poeta





quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Haicais Devorados






Haicais Devorados



Velha lagoa
Repleta de belezas transtornadas
Borboletas azuladas
Revoadas de libélulas
Águas em ondas
Tremuladas

Medito zen
Contemplando o belo jardim
Aquático
Nenúfares ninfeias vitórias-régias
Lírios d’ águas em remansos
Num silêncio repleto
De imagens
Sons de besouros selvagens

Mansos banzeiros
Impressionistas paisagens
Lindas distorcidas miragens
Delírios afãs
Haicais devorados
Pela própria rã
Que os digere liricamente
Ali deitada...



               Luiz Alfredo - poeta


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Vila de Calama


Não nasci nesta vila
Mas pronunciei minha primeira
Palavra em tupi aqui
E pintei meu olhar
Com estes crepúsculos caleidoscópicos
Que entranhou para sempre
Nos meus nervos ópticos
Fui recebido pelas flores seus perfumes
Aromáticos
A misteriosa flor do maracujá
A flor elíptica do biriba
As papoulas vermelhas
Seus delírios
Seus narcóticos
Seus alcalóides violetas
Antes de ler Gonçalves Dias
Já tinha escutado o sabiá
Bebido as seivas das palmeiras
Tomado tucupi
Patuá açaí
Jaraqui com murupi
Comido bacuri
Olhado a vida pelos olhos do guaraná
Me banhado nos igarapés
E nos mares do luar
Me embriagado nos acordes
Das nereidas
Nas cuias de aluar

Mas um dia aquele batelão
Arrancou-me da poética
Beradeira
Minha doce solidão repleta
De borboletas azuis
Mangueiras de japiins
E sanhaçus
Onde minha existência
Era minha causa sui
E me atirou como uma baladeira
Para outra eira
Onde ouvi falar da guerra
Dos seis dias
Vi-me refletido nas vitrines
E mui docemente viajei
Na Maria Fumaça
Começando a trilhar
O ocidente.

   
                 Luiz Alfredo - poeta






domingo, 22 de setembro de 2013

Olhar Poético


Meus olhos melancólicos
Ainda conseguiram enxergar as garças
Brancas arribarem para os trópicos
Sedentas de lagos
E cardumes aos lumes

Meus olhos macambúzios
Ainda viram as pérolas engravidadas
Nos búzios
Sofrendo contorções nas marés
Algumas encastoadas nos colares
Das realezas
Outras perdidas nas profundezas

Meus olhos tristes
Mirraram os calidoscópios
Nas gotas prismáticas dos igarapés
Os haicais nas verdes rãs saltando
Nos aguapés
A mais-valia no suor do lavrador
As lágrimas incendiadas pelas lamparinas
Nas pálpebras do poeta
No orvalho deslizando nas pétalas
Da encarnada rosa
No arco-íris pintado na tez do sol

Ah! Meu olhar nunca esqueceu
Do teu olhar
Dos versos daquele poeta
Recitados na luz do luar!

A cuia de aluar
A uca do teu roçado
Teus cabelos entrançados
Com os mistérios da vida
Com os cantos dos pássaros
Com os paradoxos das diásporas
Das borboletas azuis.


                     Luiz Alfredo - poeta


quarta-feira, 18 de setembro de 2013



Pastor de cabras 


Fui pastor de cabras 
e de rios secos 
rezei pelas vacas que morreram de sede 
e os bezerros que ficaram 
órfãos e foram alimentados com 
o leite dos pássaros. 

Rezei pelas vértebras da paisagem 
pelo sangue das pedras 
pelas árvores e seus esqueletos 
de faraós, pelas portas 
fechadas das casas onde a lua 
dialoga com os mortos. 

Rezei em memória do vento 
que à noite pastoreia 
as lavouras soterradas de meu pai. 

Rezei pelos seios da terra 
pelo aniquilamento dos pássaros 
pela volta da chuva 
e a diáspora das borboletas. 
Rezei pelos náufragos do amor 
do tempo e da eternidade. 

Rezei pelos espantalhos de braços abertos 
rezei pelos afogados daquele rio 
que não seca nunca. 


             Francisco Carvalho – poeta


Leia esta poesia do grande poeta Francisco Carvalho
e responda qual a figura de linguagem do verso:
O leite dos pássaros.
Leia o texto sobre figuras de linguagens para ajudar
na compreensão do verso proposto. 

http://www.faccamp.br/apoio/SoniaSueliBertiSantos/comunicacaoSocial/FIGURAS_LINGUAGEM_COMPLETO.pdf


 

Luiz Alfredo: Eu não Matei o Espantalho

Luiz Alfredo: Eu não Matei o Espantalho:                                             Rezei pelos espantalhos de braços abertos                                              .....

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Helena de Troia




Universidade Federal do Ceará - UFC
Curso de Administração e Contabilidade
Avaliação Parcial : Assista o Filme:
Helena de Troia e responda as questões:

1º) Qual a genealogia de Helena de Troia?


2ª) Explique duas causas da Guerra de Tróia:

3º) Qual a causa da volta do vento que levou
            os barcos de guerras gregos    navegarem
            para  Troia?

4ª) Como foi decidido o casamento de Helena
Com Menelau
     
5º Cite cinco cidades gregas que faziam parte
    da coalizão que atacou Tróia :






  • A Guerra de Tróia


As vísceras do Cavalo de Tróia
Também me feriram
Deixando seus efeitos colaterais
Nas minhas artérias
Com seus poemas quase letais

O rapto de Helena
Levou-me a guerra além-mar
Onde fui atingido por setas incendiadas
Por loucas paixões
Dardos repletos de ciúmes carícias
Malicias estultícias
E traições

Batalhas de músculos tatuados
Por lembranças apaixonadas
Lanças que voavam como pássaros
Envenenados
Cortes profundos
Coração de olhos fechados
Exangues
Versos despedaçados por amar
Uma flecha no calcanhar

Na volta ainda naufraguei num mar
Revoltado irado
Os deuses também se sentiram traídos
Escapei dos cantos das sereias
De ouvidos tampados
Por mãos tremulas para não ser
Devorado
Por caninos amolados nos corais
E nas estrelas

O feitiço de Circe
Também me atingiu
Ruminei diante de sua beleza
Traiçoeira
Mas construí alguns versos
Que confundiram a feiticeira
E ajudei preparar o vinho
Que embriagou cegamente
Os Ciclóides

O rapto de helena
Com seus lindos olhos maquiados
De paixão
E longas melenas de um milharal
Encantado
Colorido pelo vento
Que embala os trigais
Sorriso doce como mel
Seus seios dois cálices de vinhos
Embriagados

Beijos tragados de volúpias
E poesias
Suas roupas transparentes
Seus adornos suas jóias
Também me levaram para a guerra
De Tróia
O amor nos leva a terra distante
A plaga longínqua

Um presente de grego
Também me feriu
E destruiu a cidade com sua muralha
Quase intransponível
Arqueiros vorazes
Flechas loquazes
Envenenadas velozes indivisíveis
Amoladas envenenadas
Traiçoeiras

Oh! Tróia?!
Que uma linda mulher
E um cavalo de madeira
Deixaram tudo em ruínas
Transformaram-na em lendas
Poemas mitológicos.


                   Luiz Alfredo - poeta



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Pescaria


A meia lua de uma bela madrugada
Andaluz
Voltava feliz da minha pescaria
Tinha pescado um ambarino
Luar
Um mandi um cará
Dois mindim e um mapará
E um waka

Enchi um paneiro de pirilampos
Reluzentes
E outro de estrelas cadentes

Na volta meu caniço murmurou
Porque quase nada pescou
E uma peixe - mulher nem deu bola
Para sua isca saborosa
Bateu as abas na água
Insana nas suas belas barbatanas
Saiu toda charmosa
Com sua escama brilhosa
E emergiu nos acordes
Das borbulhas azuis

Até a zagaia pontiaguda
Amolada
Errou as asas de uma bela arraia
Que saiu plainando lentamente
E foi amerissar bem mais fundo
Em outro lugar profundo
Com seu veneno secular


                 Luiz Alfredo - poeta