Sonhos que
passam por minha cabeça
São gotas
de vidros molhados pelo arco-íris
São cores
que não estão no meu estojo
De lápis de
cores
Nem na cútis
do meu camaleão
Agora são
estilhaços de vitrais
Da catedral
Uma tuba
canta uma canção ancestral
Viajo pelos
lóbulos cerebrais do homem
De Neanderdhal
Tiras de um
gibi se distorcem
O bairro do
triangulo desfez seus ângulos
Os trilhos
da ferrovia lendária
Os blues
que vagavam em Nova
Orleans
Nas reminiscências
de Barbados
Foram tragados
pelo rio
Madre de
Dios
O mestre pré-socrático
esqueceu
Que a água
transborda os equiláteros
Deixando as
paralelas numa Lemúria
Não é ilusão
A flor dos
sonhos continua proibida
A locomotiva
está afogada
O helicóptero
é uma libélula
Atordoada
Lacônica não
fala nada
Enquanto a polis
nada
A ostra
tenta engolir a pérola do mamoré
Os versos são
cousa alguma
Minha vitrola
rola um rosa
Tempo em
que os sonhos
Estavam no
poder
A rosa
dominava a ponta do fuzil
A rosa
misteriosa
A rosa do
jardim a florescer
A rosa no
fato do poeta lusitano
Eu tinha um
fusca azul
E lia
Heidegger
As únicas
coisas boas que o nazismo
Deixou
E começa a aprender
a fugir do AI-5
E lia Neruda
E tinha um
cassete da Gal
Colecionava
figurinhas do chiclete
Ploc
E voos das
gaivotas
A náusea sartreana
me entojava
Tinha medo
de me metamorfosear
Num besouro
Mas amava a
contradição do horizonte
Cheio de
distorções coloridas...
Luiz Alfredo - poeta
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