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sábado, 2 de novembro de 2013

Traduzir-se

Fagner

Composição: Fagner e Ferreira Gullar

 

 

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?


Dois Artistas cearenses marcaram meu pobre coração poemático: Francisco Carvalho com seus poemas com doses letais de metonímias, Raimundo Fagner um mestre poeta, que sabe musicar um poema com acordes viasolacio de um violão selvagem nordestino latino. Transforma o poema em música, tornando-o mais belo ainda, os acordes puxam suas entranhas poéticas. E a música é também um belo poema escritos com acordes musicais.

                                 Luiz Alfredo - poeta

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