CANTIGA PARA NÃO MORRER
Ferreira Gullar - poeta
Cantiga para não morrer
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.
Suas
feições brancas como
A neve
Pestanas
negras com o voo
De uma ave
Lábios
vermelhos como os campos
De
framboesas
O piscar
incendiado de vaga-lumes
Pálpebras
leves
O resto se
perdeu no tempo
Pelas
caricias do vento
Esqueci o
resto das tuas feições
De neve
Mas a neve
daquela montanha
Andina
Ficou presa
no meu olhar
Montanha
branca de neve
Como aquele
poema do Neruda
Que nunca voy ouvidar.
Luiz Alfredo - poeta
Se Me
Esqueceres
Quero que
saibas
uma coisa.
Sabes como
é:
se olho
a lua de
cristal, o ramo vermelho
do lento
outono à minha janela,
se toco
junto do
lume
a
impalpável cinza
ou o
enrugado corpo da lenha,
tudo me
leva para ti,
como se
tudo o que existe,
aromas,
luz, metais,
fosse
pequenos barcos que navegam
até às tuas
ilhas que me esperam.
Mas agora,
se pouco a
pouco me deixas de amar
deixarei de
te amar pouco a pouco.
Se de
súbito
me
esqueceres
não me
procures,
porque já
te terei esquecido.
Se julgas
que é vasto e louco
o vento de
bandeiras
que passa
pela minha vida
e te
resolves
a deixar-me
na margem
do coração
em que tenho raízes,
pensa
que nesse
dia,
a essa hora
levantarei
os braços
e as minhas
raízes sairão
em busca de
outra terra.
Porém
se todos os
dias,
a toda a
hora,
te sentes
destinada a mim
com doçura
implacável,
se todos os
dias uma flor
uma flor te
sobe aos lábios à minha procura,
ai meu
amor, ai minha amada,
em mim todo
esse fogo se repete,
em mim nada
se apaga nem se esquece,
o meu amor
alimenta-se do teu amor,
e enquanto
viveres estará nos teus braços
sem sair
dos meus.
Pablo
Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda"
Tema(s):
Amor Ler outros poemas de Pablo Neruda
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