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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Porto Velho de outros tempos





Minha cidade
Tinha o hálito de uma vila
Calma
O trem demorava passar
E chegar à estação

As ruas iam devagar
Devagar trafegam os velocípedes
Vai à menina pro grupo escolar
Horizontal na travessa um jipe

As ruas nem tinham mãos
Nem quilômetros
Nem contramãos
Eram floridas de flamboyant

Frutificadas de mangueiras
Flores selvagens nas beiras
Das calçadas descalças
Nas íngremes ladeiras

Pontes de madeiras
Ligavam os horizontes
Outra de aço inglês
Atravessa o igarapé esverdeado
De vitórias – régias
E aguapés transbordados

Nas ruas azuis
Voavam pássaros em arribação
Nuvens brancas
Pedaços de sonetos
Descalços curumins
Papagaios descaiam nos céus
Sedas em talas de buritis

Calçadas de flores selvagens
Caladas ruas
Sem semáforos
Cruzamentos digitais
Iluminados sinais



Mas minha cidade criou tentáculos
E caminhou rapidamente por avenidas
Sufocadas
Agora repletas de prédios altos
Que não lhe deixam respirar
Nem deslumbrar o horizonte
Nem as estrelas
E o luar

Calçadas com vitrines iluminadas
Latas de lixos ocidentais
Transversais com tempos marcados
Muros pichados
Veículos com taquicardias
Narinas descargas carbonizadas
Transeuntes apressados
Sem poesias do Vespasiano Ramos
E Bolívar

Minha cidade aprendeu escrever
Versos concretos
Marginais
Para atravessar os córregos
Afogados
E a pós-modernidades digitais...


                      Luiz Alfredo - poeta











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