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terça-feira, 5 de novembro de 2013

O Momento






Magnífico o momento
Do instante
A hora exata em que o ponteiro
Marca
O perfeito batimento
A conjugação do presente
Do indicativo
O eu conjugado na existência

Meio dia
Meia noite
O cuco sai do seu tugúrio
Cantando sua eterna canção
Não é presságio
Nem augúrio
É a hora exata
Naquele instante histórico
Sistólico monológico
Sísmico silogístico lógico
O momento é

Deixando para trás
Tantos pretéritos subjugados
As lembranças
Tão nítidas
Mas agora ausentes
Vão me acumulando no passado

Relembradas pelas lentes
Que a olham com saudades
Um dia ou uma noite qualquer
Foram momentos presentes

Mas o que incomoda
É aquela pergunta metafísica
Para onde estou indo?!
Rumamos para um futuro desconhecido
E eu como estou perdido
Nas metáforas dos poemas
Nas parábolas azuis
Nas múltiplas citações das dissertações
Acadêmicas
Nos conteúdos programáticos
Nas programações dos relógios
Controlados
Termômetros febris maláricos
Cronômetros fatais
Nas horas marcadas

Prefiro me agarrar nos olhos delas
E contemplar a via – láctea
Repletas de estrelas
E acreditar que elas me dizem
Alguma coisa
E que com suas luzes
Contam a história de algum
Tempo
Até onde os ponteiros
Não são contorcidos
E distorcidos
Nas fronteiras da eternidade

A lua cheia é mui bela
Mas ao olhar para ela
Lembra-me calendários
Candelabros de vaga-lumes acesos
Mares vazios
Marés revoltas

Hora que os poetas soltam seus lobos
Para declamar poemas
E uivar nas colinas
Hora que o relógio de bolso
Ficou dormindo na algibeira.



                          Luiz Alfredo






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