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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Um rubro suor desvairado





Ando nestas ruas de puras saudades
E eternas esquinas
Bebo as gotas destas flores silvestres
Águas desta chuva debalde
Sombras sabiás deste coqueiro extinto

Balbucio um pedaço da canção
Do Binho
Recito fragmentos dum poema
Do Bolívar
E vou andando por estas ruas
Com meus óculos arranhados
Os bem-te-vis e os flamboyants
Parecem os mesmos

O que mudou
Foram alguns caminhos
O caminho do rio
E da Maria – Fumaça
As feições dela se desfez
No vapor
E o meu amor

Não tenho mais um coração
Apaixonado
Nem tantos sentimentos
Mas não esqueci aquele soneto
Do Vespasiano Ramos
Nem as cores dos bandos
De araras
E dos cachos de pupunhas

Vou andando
Apesar dos meus sapatos
E lembranças
Estarem um pouco desgastadas...

Mas sinto o calor deste sol
Deslizar na minha face
Como orvalhos rubros
Das papoilas desvairadas...



    
                      Luiz Alfredo - poeta


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