Por um Triz
Por um triz
Eu não fui uma meretriz
Dançarina de um bordel
Bordado por uma luz vermelha
Ora tão escura
Salpicada por gim
E loucas paixões vaporosas
Elásticos sensuais
Detalhes de cetim
Em danças de quadris
Quase fui atriz
Encenei num palco de um cabaré
O drama de quem sussurra no ouvido
A boca embriagada que diz
Versos emprestados de algum bardo
A música de um vinil arranhado
Um bilhete escrito com giz
E logo apagada borrada manchada
Por uma mão tremula
Vacilada
Mas que avança na blusa
Desabotoada
Meio atordoada
Atabalhoada grita alucinada
Também fui apaixonada
Mas ele não me quis
Gostava dos meus cílios azuis
Meu corpo quente ardente latente
Gostava de beber no cálice
Do meu umbigo seus loucos
Aguardentes
Morder meus seios levemente
Com seus dentes
E confessava suas devassas
Em meus ouvidos
E entre sussurros zumbidos gruídos
Beijos carícias lambidos
Rugindo me chamando de meu amor
Decerto mandava-me rosas escarlates
Etílicos chocolates
E escrevia no meu espelho
Palavras de amor
Com meu batom vermelho
Eu quase fui feliz
Por um pouco não fui rainha
E não me tornei embaixatriz
Apesar da cicatriz
Que me deixou aquele amante
Ganhei um colar de ametista
Um anel de brilhante
Uma pulseira de diamante
Uma lua de mel naquele reino
Distante
Por um triz
Não fui feliz
Apesar das noites errantes
Conheci o calendário lunar
Perdida em cada bar
As traições
Os alcalóides
O Calabar
As múltiplas ilusões
Dancei nos braços apaixonado
De um bandolim
Nas chamas de um candeeiro
Na pele felina de um pandeiro
Nos acordes sapateados
De uma viola
Violentos sentimentos
De um flamenco
Eu quase me reconheci
Naquele espelho
Com todas as distorções
As máscaras
As refrações
As pupilas dilatadas
Pálpebras manchadas de lágrimas
E maquiagens liquefeitas
Desfeitas em cores marrons
Negros tons
Quase eu me conheci
E amanheci em mim mesmo...
Luiz Alfredo -
poeta
Ora, mas esse poema é bárbaro!!!Eu adorei quando li.E adorei reler. Abraços poeta.Sempre minha admiração.
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