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terça-feira, 30 de julho de 2013

Ontem





Eu deixei meu ontem
Enterrado na gaveta dum móvel
No sótão
Ficou nas sílabas tônicas
Dos versos de um soneto
Irregular

Mesmo que alguém
Abra a gaveta hoje
O cheiro de mofo do poema
Que fiz ontem
É evidente

E vai soletrar nas narinas
Cheiro de ácaros
Versos arcaicos
Mas o esqueleto do soneto
Vai sobreviver
Com seus ossos em aramaico
Gravados num mosaico
Foi muito ferido
Mas não quer morrer.



               Luiz Alfredo - poeta

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