Eu deixei meu ontem
Enterrado na gaveta dum móvel
No sótão
Ficou nas sílabas tônicas
Dos versos de um soneto
Irregular
Mesmo que alguém
Abra a gaveta hoje
O cheiro de mofo do poema
Que fiz ontem
É evidente
E vai soletrar nas narinas
Cheiro de ácaros
Versos arcaicos
Mas o esqueleto do soneto
Vai sobreviver
Com seus ossos em aramaico
Gravados num mosaico
Foi muito ferido
Mas não quer morrer.
Luiz Alfredo - poeta
Nenhum comentário:
Postar um comentário