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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Qualquer Unzinho



Eu não era um beija-flor
Qualquer
Para sair por aí
Beijando qualquer flor
Uma papoula desvalida
Uma rosa pendida
Uma bem-me-quer despetalada
Sem amor
Espetada numa mandinga
Qualquer


Decerto era um chupa-mel
Voando sem destino
Neste vasto céu
Sugando estas nuvens de algodão
Em canudinho de papel
Comendo as carregadas de chuva
Como pedaços de pastel

Um colibri por aí
Sem destino e jardim
Sugando uma flor de alcaçuz
Perfumado de jasmim
Enamorado por uma papoula
Apaixonado por uma rosa
De pétalas de cetim
Aprendendo neste céu furta-cor
Que plantas carnívoras
Não comem borboletas
Nem dão flor

Sei que sou um cuitelo
Meu bico é como um cravo
Sem martelo
Tenho que ser bem sutil
Frutificar a flor de marmelo
E traçar minha rota
Neste quase infinito céu
De anil
Seguir meu mapa floral
Sem errar o ascendente

Tem flores que não gostam
De mim
Outras que são dependentes
Umas são frias
Outras de uma paixão ardente
Umas gostam das abelhas
Outras de joaninhas
Outras das tempestades
De mim gostam as papoulas vermelhas
As estrelas de anis 
As flores alucinógenas
E aquela que a noite suas pétalas
Viram umas centelhas
E voam entre os vaga-lumes

Aquela que fica barriguda
E pari gomos de uma fruta suculenta
Tem plantinhas que não precisam
De mim
Como os cogumelinhos dos estrumes
Que dizem serem filhos do arco-íris
E suas almas são coloridas.


                      Luiz Alfredo - poeta






Um comentário:

  1. Quanta poesia dentro deste poema!!!!Que privilégio poder ler-te poeta.Abraços

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