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domingo, 14 de julho de 2013

O Tempo e os Versos


Curvos são meus olhos
Corvos a me olhar
Eu sou o poeta notívago
Vago na beira-mar
Turvas minhas retinas
Curvas são minhas estradas
Que não dão em nenhum lugar
Ou em nenhum lugar algum
Vão se acabar

Minha poesia é amanhecida
Estragada de outros dias
Fermentada de metáforas
Cozida na maresia
E um coração atormentado
Às vezes acaba num refogado
Outra num xinxim apaixonado

O tempo vai deixando amarelecidas
Vão sumindo os sentimentos
Vai se tornando sombria
Vazias vão ficando os versos
Depois ficam somente as linhas
Que se misturam com as entrelinhas
Ficando a folha em branco
Manchadas pelas auroras
Feridas pelas rimas

Fica lá em cima da cômoda
Incomodando o abajur
O tic – tac insone
E o telefone morto de sono
Que não para de tocar
Aqueles outros poemas
Riscados pelas teclas negras
Garatujados por grafites
Pedaços de meteoros
Raios de luar
Que querem se eternizar.

                 Luiz Alfredo - poeta




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