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domingo, 19 de abril de 2015

Ainda Sobrou um Dia





Antes de Cabral e Colombo
Eram todos os dias
E todas as noites eram suas
Com as naus vieram os maus
Com seus hálitos de pólvoras
Contaminados
Seu norte imantado
A morte montada a cavalo
Seu bacamarte engatilhado
Seu pescado defumado
Seus delírios
Seus destilados
Seus ais
Seu colonialismo escravocrata
Seus governos gerais

Com suas caravelas de panos
O espelho com suas ilusões
De óticas
Suas missas em latim
Suas premissas enfim
Quase sem fim
Seu falar lusitano
Calaram o tupi
Venceram o tacape
Apagaram o urucum
Da sua face
Calou a flauta de sua boca
Vestiram sua nudez de roupa
E numa escritura de disfarce
Sua aldeia


Seu calendário gregoriano
Deixou apenas um dia
O dia do índio
Quase extinto no litoral
Perseguido na Amazônia
Dia de Santa Ema da Saxônia




Um comentário:

  1. 19/04 - Dia do índio
    Soneto-acróstico

    Havia milhões deles na lusa chegada
    O “descobrimento” invadiu sua terra
    Já portugueses cuja existência irada
    Equacionou-os numa cruenta guerra.

    Depois veio a ocupação e extermínio
    Inclinados à paz perderam a batalha
    Assim consolidou o lusitano domínio
    Daquela exploração maldosa e falha

    Os índios quase sempre a fraca parte
    Íntimos de bichos, da terra e da mata
    Não resistiram à pólvora e bacamarte.

    De então para cá, silvícolas se mata
    Indefesos, eles, sem algum baluarte
    Objeto da insânia “civilizada” se trata.

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