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terça-feira, 7 de abril de 2015

Calma Vila



Claro são os olhos do dia
Suas pupilas é um sol brilhante
Suas retinas prismas de um diamante
Seus óculos escuros uma poesia
Ultra-romântica

Aquela vida que ia calma a todos
Os lugares
Aquela vila quase calada silenciosa
Bucólica
Um verão cheio de andorinhas
Uma igrejinha católica
Seu sino conhece uma bela canção
Um hino em forma de oração
O cata-vento tritura o vento
Com suas hélices eólicas
O moinho tritura as parábolas
Dos grãos
Tudo que passa nessa vila
Vai devagar
A orquídea de muitas luas
A gravidez de algumas flores
A procissão levando seu andor
O beija-flor osculando a hibisco
A lavadeira com a trouxa na cabeça
A rendeira com seu bordado rendados
De eternidade
O terço rezado no terreiro


Mas um dia a dialética cresceu
E na sua antagônica mudança
Levou minha esperança para outros
Alhures
Lugares agitados
Que a noite de fumaça não deixa
Ver seus quasares
Seus luares são nublados
Não consigo ver os reflexos estelares
Nos teus esgotos programados
Seus poemas concretos dizem
Tudo numa palavra
Seus muros de cimento
Onde quaro meus poemas pichados

Mas não esqueci a escola
Onde não aprendi a escrever
O canto da sabiá
Os músculos desenhados da canoa
O boi-bumbá
E a Maria-Fumaça
E as tardes quentes numa cuia
De tacacá

E eu pensava que tudo aquilo
Nunca ia acabar


Um comentário:

  1. Soneto-acróstico
    À vila

    Aquele bucolismo que conquista
    E seu sino que conhece canções
    Suas cores que não ferem a vista
    Seu moinho que tritura os senões.

    A procissão sob o andor curvada
    Cata-vento colhendo suas brisas
    Acalma vida mansa e mais nada
    Lá onde maria-fumaça atemoriza.

    Mas não esqueçamos da escola
    Ali aprender é brincadeira apenas
    Vila calma onde garoto joga bola.

    Inda contam as coisas pequenas
    Livres no pátio galos e galinhola
    Aqui onde vida ainda vale a pena.

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