Seguidores

domingo, 5 de abril de 2015

Depois das Cigarras



Mamãe não sabia
Que meu português na escola
Era ruim
Nota baixa no boletim
Mas que eu já lia Spinoza
Em latim
Eu aprendia a gramáticas dos besouros
E joaninhas
Eu conversava com as flores
E bem-te-vis patativas e colibris
Eu corri atrás do coelho e dialoguei
Com o gato enigmático
E mergulhei no espelho
Quando conheci a Lucy
Já tinha bebido os orvalhos
Das papoulas
Sou da era das canções mortais
Nervura ancestral
Que rolou no eterno vinil
Versos das entranhas
E a agulha arranhava a vida
Nesse tempo o sonho parecia
Que nunca ia acabar
Poeta das moneras
Poeta das paixões descabidas
Tabernas embriagadas
Anfetaminas tragos chamas alucinadas
Primeiro animal que aprendeu a falar
Foi o homem e a mulher
Depois as guitarras 
Os crisântemos sempre foram calados
Mas quem tocou a primeira canção
Foi o vento na pele do bambu
A GESTAPO não perseguia somente 
Lukács
Mas a menina que tinha alma negra


Nenhum comentário:

Postar um comentário