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domingo, 19 de abril de 2015

Minha riqueza inesgotável



Com meus pobres versos
Vou construindo minha riqueza
Poética
Mesmo emprestando a poesia
Do poeta revolucionário da Rússia
E do poeta de Russas
Eles não me cobram juros
Nem das entrelinhas nem das reticências
Nem das metáforas
O lucro é todo pra mim

Com minhas pobres rimas
Vou tecendo a poesia todo santo
Dia
Toda santa noite
Com suor vou plantando
Minha lavoura
Meus delírios
Vou vestindo meus girassóis
E meus lírios
Claro que nunca serão
Tal como os provérbios de Salomão
Nem uma estrofe divina
De Tagore

Mas serão poemas do meu pobre
Coração
Pobres poemas de uma paixão
A não se apagar
Declamados no cálice da noite
Ao luar
E para imensidão estrelar
São silabas inacabadas como as estrelas
Que não podemos contar

Alguns eu queimo nas lamparinas
Nas crinas das estrelas cadentes
Na colher de absinto incandescente
Nos fulcros ardentes dos vaga-lumes
Alguns eu apago no látex defumado
Da seringueira
Outros eu afogo nas ondas bravias
Do mar


Um comentário:

  1. Soneto-acróstico
    Inesgotável aliteração

    Pobre poeta de perversos poentes
    Ousando, objetiva outra obsessão
    Então entranha-se entre seus entes
    Tendo talvez tamanho talento então.

    Assim apenas adjudica admiração
    Regateia rumos retilíneos regulares
    Outrora obnubilava óbvia obstrução
    Sem saber de sentenças seculares.

    Vai vivendo vil vagabundo a vadiar
    Embora escriba escuso excepcional
    Recusa relação repressiva reticular.

    Seresteiro semântico, sóbrio social
    Onírico organizador oblato oracular
    Sacode sociedade sacana, sideral.

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