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quinta-feira, 16 de abril de 2015

O L H A N D O



O   L  H  A  N  D   O


Vi-te completamente nua
Nem o espelho desvirtuou tua imagem
Nem iludiu meu olhar
Completamente despida
Sem nenhuma máscara
Sem nenhuma maquiagem

Claro uma leve sombra
Uns contornos em tornos dos olhos
No piscar era um pássaro
Ora um cisne negro
Ora um negro corvo
Um negrume nas pestanas
Parecia bordada pela noite

Nos lábios uma floresta de batom
Parece que estudou a equação do arco-íris
Conhecia o polidor de lentes
E o hospede do profeta sem morada
Era pura tresloucada paixão
Balbuciava sonetos de Camões
Nos ouvidos dos lampiões
Conversava com as mariposas
E com as chamas da lamparina

Nua como a lua cheia em Canoa
Sem a máscara de Veneza
Sem fantasias
O pingente de ametista estava lá
No umbigo
Os exóticos brincos
Instrumento de uma linda canção
Transcendente
Nua
Tão pura como um riacho de água
Pura
Sem máscaras

Mas depois descobri que a nudez
Tem sua tez
Que tem as suas máscaras
Até escreve poemas de altivez
Alguma vez
Garatuja pedaços da sua insensatez

Com um batom vermelho no espelho

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