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domingo, 22 de março de 2015

Caramujo Intrujo


Caramujo cujo em mim 
Trago meu tugúrio 
Meus dilemas metafísicos
Como ser um pássaro 
Não sabe como despertar o amanhecer
Com meu cantar
A pronunciar meu verso no colo
moreno do entardecer
No entanto
Côo um café fumegante
Uma tapioca de uca
Num instante
E sei conversar com a roseira
conto meus segredos para o pilão
para a colher de pau
travo diálogos com o fogão
Lá pela tarde teço um soneto irregular
E balbucio uma canção
No meu velho alambique violão
que tem embriagado nos acordes
loucas desvairadas paixões
Outrora havia em mim um poeta
Byroniano
Nunca mais o vi
Mas sei os seus versos de cor
E a determinações de suas metafísicas
Acho que pode ter morrido
Um poeta romântico morre na flor
Da idade


4 comentários:

  1. Voar como caramujo

    Como um pássaro poderá ser então,
    Animal pseudópode de rés do chão?
    Rastejar é sua vocacional existência
    Ave que voa, é mui outra experiência.
    Mas mente de poeta é voo de emoção
    Uma vez imaginado, nunca lhe diz não
    Já que ao aedo nada lhe diz a ciência
    O melhor é com ele ter muita paciência.

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  2. Escargô

    Lá vem rastejando o lento caramujo,
    Cheio de preconceito homem o trata:
    Essa lesma nojenta, molusco intrujo.
    Então, enojado, muitas vezes o mata.

    Visando redimi-lo eu as vezes corujo,
    Mesmo que não seja um bicho pirata,
    Vale tanto como um cachorro sabujo,
    Que alguns homens colocam na nata.

    Dessa lesma que por comível estrujo
    O gurmê francês deglute com batata
    À moda campaniére, à maneira Araújo.

    E também muito mais lhe digo na lata
    Se num cardápio aparece, eu não fujo
    Como, lambo os beiços, faço bravata.

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  3. Que lindo!
    E é verdade, eles morrem na flor. Da idade.

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  4. Muito bom, caro poeta Luiz Alfredo. Gostei muito também do acróstico do nosso amigo (grande poeta) Jair.
    Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas um bom dia.

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