Caramujo cujo em mim
Trago meu tugúrio
Meus dilemas metafísicos
Trago meu tugúrio
Meus dilemas metafísicos
Como
ser um pássaro
Não sabe como despertar o amanhecer
Com meu cantar
A pronunciar meu verso no colo
moreno do entardecer
Não sabe como despertar o amanhecer
Com meu cantar
A pronunciar meu verso no colo
moreno do entardecer
No entanto
Côo um café fumegante
Uma tapioca de uca
Num instante
E sei conversar com a roseira
conto meus segredos para o pilão
para a colher de pau
travo diálogos com o fogão
Côo um café fumegante
Uma tapioca de uca
Num instante
E sei conversar com a roseira
conto meus segredos para o pilão
para a colher de pau
travo diálogos com o fogão
Lá pela tarde teço um soneto irregular
E balbucio uma canção
No meu velho alambique violão
que tem embriagado nos acordes
loucas desvairadas paixões
E balbucio uma canção
No meu velho alambique violão
que tem embriagado nos acordes
loucas desvairadas paixões
Outrora havia em mim um poeta
Byroniano
Nunca mais o vi
Mas sei os seus versos de cor
E a determinações de suas metafísicas
Acho que pode ter morrido
Um poeta romântico morre na flor
Da idade
Byroniano
Nunca mais o vi
Mas sei os seus versos de cor
E a determinações de suas metafísicas
Acho que pode ter morrido
Um poeta romântico morre na flor
Da idade
Voar como caramujo
ResponderExcluirComo um pássaro poderá ser então,
Animal pseudópode de rés do chão?
Rastejar é sua vocacional existência
Ave que voa, é mui outra experiência.
Mas mente de poeta é voo de emoção
Uma vez imaginado, nunca lhe diz não
Já que ao aedo nada lhe diz a ciência
O melhor é com ele ter muita paciência.
Escargô
ResponderExcluirLá vem rastejando o lento caramujo,
Cheio de preconceito homem o trata:
Essa lesma nojenta, molusco intrujo.
Então, enojado, muitas vezes o mata.
Visando redimi-lo eu as vezes corujo,
Mesmo que não seja um bicho pirata,
Vale tanto como um cachorro sabujo,
Que alguns homens colocam na nata.
Dessa lesma que por comível estrujo
O gurmê francês deglute com batata
À moda campaniére, à maneira Araújo.
E também muito mais lhe digo na lata
Se num cardápio aparece, eu não fujo
Como, lambo os beiços, faço bravata.
Que lindo!
ResponderExcluirE é verdade, eles morrem na flor. Da idade.
Muito bom, caro poeta Luiz Alfredo. Gostei muito também do acróstico do nosso amigo (grande poeta) Jair.
ResponderExcluirUm abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas um bom dia.