Seguidores

sábado, 28 de março de 2015

Noites intermináveis



A noite entardecia no seu madrugar
Os grilos continuavam lá
O tic – tac demarcando o tempo
E o cuco lá dentro
Esperando à hora de cantar
A coruja com seus presságios
Seu olhar metafísico nos cimos
Das árvores
Nos pinos das catedrais

As teclas mortas de sono
As pálpebras começavam a ressonar
Mas ainda o luar
As estrelas a cintilar
O mar sussurrando em ondas
Impertinentes
Os gritos das gaivotas deixaram sombras
A rota dos albatrozes alumbra nos sonhos
Que começam a passear diante
Dos nocturnos soturnos netuno olhar
Narcotizado  

A noite costura os céus
Tenta acordar o sol com o seu agulhar
Mas dizem quem acorda o sol
É um girassol que não conseguiu dormir
Passou a noite tomando orvalhos soníferos
Escutando o grasnar do corno negro
Que também não pegou no sono
E passou a noite embalando os olhos
Enluarado
Nos mistérios encantados da noite
Madrugando

Vou logo dormir
Meu abajur pegou no sono
Todos no tugúrio literário estão dormindo
Apenas os olhos do meu camaleão
Que nunca dormem
Passam à vida tecendo arco-íris
Copiando as peles das coisas
Até minha caixa de lápis de cor
Foi dormir
Mas parece uma noite de anfetamina
Uma noite que nunca termina...



Um comentário:

  1. Boa noite!

    Acordada e insone a noite se questiona:
    Ninguém para apreciar estrelas comigo
    Os grilos até encerraram sua maratona
    Infeliz me sinto, nem mesmo um amigo.

    Tenho que acordar o sol, mas não agora
    Então para passar o tempo o que resta?
    Fazer de orvalhos soníferos, um coquetel
    Ou assumir que minha insônia é honesta?

    Ironia é que até o girassol está dormindo
    Deixando-me só com caixa de lápis de cor
    Ouço o corvo negro bem devagar saindo
    Recordo-me que existência é sempre dor.

    Meu abajur constrói aquele arco-íris lindo
    Imperativo depois que essa Selene se por
    Rápido me despeço; boa noite estou indo.

    ResponderExcluir