A noite
entardecia no seu madrugar
Os grilos
continuavam lá
O tic – tac
demarcando o tempo
E o cuco lá
dentro
Esperando à
hora de cantar
A coruja
com seus presságios
Seu olhar
metafísico nos cimos
Das árvores
Nos pinos
das catedrais
As teclas
mortas de sono
As pálpebras
começavam a ressonar
Mas ainda o
luar
As estrelas
a cintilar
O mar
sussurrando em ondas
Impertinentes
Os gritos
das gaivotas deixaram sombras
A rota dos
albatrozes alumbra nos sonhos
Que começam
a passear diante
Dos nocturnos
soturnos netuno olhar
Narcotizado
A noite
costura os céus
Tenta acordar
o sol com o seu agulhar
Mas dizem
quem acorda o sol
É um
girassol que não conseguiu dormir
Passou a
noite tomando orvalhos soníferos
Escutando o
grasnar do corno negro
Que também
não pegou no sono
E passou a
noite embalando os olhos
Enluarado
Nos mistérios
encantados da noite
Madrugando
Vou logo
dormir
Meu abajur
pegou no sono
Todos no tugúrio
literário estão dormindo
Apenas os
olhos do meu camaleão
Que nunca
dormem
Passam à
vida tecendo arco-íris
Copiando as
peles das coisas
Até minha
caixa de lápis de cor
Foi dormir
Mas parece
uma noite de anfetamina
Uma noite
que nunca termina...
Boa noite!
ResponderExcluirAcordada e insone a noite se questiona:
Ninguém para apreciar estrelas comigo
Os grilos até encerraram sua maratona
Infeliz me sinto, nem mesmo um amigo.
Tenho que acordar o sol, mas não agora
Então para passar o tempo o que resta?
Fazer de orvalhos soníferos, um coquetel
Ou assumir que minha insônia é honesta?
Ironia é que até o girassol está dormindo
Deixando-me só com caixa de lápis de cor
Ouço o corvo negro bem devagar saindo
Recordo-me que existência é sempre dor.
Meu abajur constrói aquele arco-íris lindo
Imperativo depois que essa Selene se por
Rápido me despeço; boa noite estou indo.