Seguidores

domingo, 13 de dezembro de 2015

Escura Noite


Caminho por uma noite
Escura
Estrelas apagadas
Ruas sem iluminação públicas
Apenas lapsos de faróis
De esparsos automóveis
Nenhum lume nas janelas
Nenhum vaga-lume
Nenhuma estrela cadente
Tem dias assim
Em que a noite é profundamente
Escura

Noite assim
Em que esta ditadura parece
Não ter fim
Discurso prolixo
Conceitos datilografados
Para impregnar o inconsciente
Para aparentar verdades
Mas são lixos
Apesar de você rolar na vitrola
Já não se medisse
O cálice tem outro teor
O aguardente outro sabor
Não vem dos verdes canaviais
Dos músculos explorados
Dos latifúndios
Dos coronéis
Dos votos demarcados
Dos amargos tonéis

Há noite que esquecemos Calabar
Não conseguimos nos lembrar
Do Conselheiro
Das lutas do Cangaço
Apenas da alcunha que rascunha
Seu discurso
Do molusco do mar do sargaço
Do cunha o quê propunha
Esperando a noite escura passar
E um sol com raios de esperança
Nascer na terra de santa cruz
Quem sabe lá também
Em santa cruz de la sierra


2 comentários:

  1. Nessas noites escuras, usamos o instinto antes de cada passo.
    Belíssimo poema!

    ResponderExcluir
  2. Soneto-acróstico
    À luz do sol de raios fúlgidos

    Uma tênue esperança que aqui existia
    Moeda de troca que anunciava o futuro
    Agora corroída pelo deboche/algaravia
    Nada mais resta daquele porto seguro.

    Ontem sorrisos, pois esperanças havia
    Inclusive dissipava-se medonho escuro
    Tudo, como Mariana, virou pornografia
    E o vale que era Doce, tornou monturo.

    E aquele molusco que era um proletário
    Saiu-se muito bem nesta sua existência
    Confundindo seguidores, já é milionário.

    Um sol com seus raios de benemerência
    Refulge somente em Brasília, seu otário
    Aqui no mundo real, pobreza e violência.

    ResponderExcluir