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sábado, 6 de dezembro de 2014

Noctivago Vago


Eu sou à noite
Completamente noite
Com seu luar e estrelas arregaladas
No céu

Sou a madrugada insone
Com suas drágeas brancas
Seus versos que perambulam
A revestrés
Rodopiando nos carretéis dos poetas
E menestréis
No convés dos barquinhos de papeis
Que navegam nos esgotos
Ocidentais

Eu sou a madrugada fria
Que a aurora ainda não tragou
Trago em mim todas as decadências
E as cadencias que o instrumento morto
De sono
Ainda não tocou
Eu sou a rosa semimorta num copo
De água
Mas meus espinhos ainda ferem
Mesmo com minhas pétalas morrendo
Apaixonadas
Mortas de mágoas

A lembrança de um amor quase acabado
O soneto mal acabado
Sem rima em cima da mesa
O cálice de conhaque tragado
Que ainda recende o hálito
E a brisa do coração abandonado

Sou à noite
Com seu silencio ensurdecedor
O poema revelando sua dor
A flor proibida plantada no quintal
Tecendo seu orvalho
Na tessitura do papel
Eu sou à noite num céu

De pedrinhas de brilhantes

Um comentário:

  1. Soneto-acróstico
    Ao vago vate que vaga

    Ocultando-se na pétrea escuridão
    Na noite que acolhe mas esconde
    O vate vaga e sozinho faz questão
    Carregar as estrelas não sei onde.

    Tal como vaga o vate vagabundo
    Íntimo de uma estrela arregalada
    Vai traçando estrada pelo mundo
    Aonde seu caminho dá em nada.

    Garantindo que a planta proibida
    O cálice do conhaque estragado
    Vão-se sem retornar a esta vida.

    Agora o sol desponta neste lado
    Goste ou não, abre-se uma ferida
    Agoniza o coração abandonado.

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