Eu sou à
noite
Completamente
noite
Com seu
luar e estrelas arregaladas
No céu
Sou a
madrugada insone
Com suas drágeas
brancas
Seus versos
que perambulam
A revestrés
Rodopiando
nos carretéis dos poetas
E menestréis
No convés dos
barquinhos de papeis
Que navegam
nos esgotos
Ocidentais
Eu sou a
madrugada fria
Que a
aurora ainda não tragou
Trago em
mim todas as decadências
E as
cadencias que o instrumento morto
De sono
Ainda não
tocou
Eu sou a
rosa semimorta num copo
De água
Mas meus
espinhos ainda ferem
Mesmo com minhas pétalas morrendo
Apaixonadas
Mortas de mágoas
A lembrança
de um amor quase acabado
O soneto
mal acabado
Sem rima em
cima da mesa
O cálice de
conhaque tragado
Que ainda
recende o hálito
E a brisa
do coração abandonado
Sou à noite
Com seu
silencio ensurdecedor
O poema
revelando sua dor
A flor
proibida plantada no quintal
Tecendo seu
orvalho
Na tessitura
do papel
Eu sou à
noite num céu
De pedrinhas
de brilhantes
Soneto-acróstico
ResponderExcluirAo vago vate que vaga
Ocultando-se na pétrea escuridão
Na noite que acolhe mas esconde
O vate vaga e sozinho faz questão
Carregar as estrelas não sei onde.
Tal como vaga o vate vagabundo
Íntimo de uma estrela arregalada
Vai traçando estrada pelo mundo
Aonde seu caminho dá em nada.
Garantindo que a planta proibida
O cálice do conhaque estragado
Vão-se sem retornar a esta vida.
Agora o sol desponta neste lado
Goste ou não, abre-se uma ferida
Agoniza o coração abandonado.