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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Icaro


Era um pássaro que não gostava
De voar
No infinito azul do céu
Ficava absorto com o telúrico
Vulcões em lavas
Onda batendo nos rochedos
Com os verdes arvoredos
Amava pisar a terra com seus bípedes
Pés e asas fechadas
Foi se tornando um réptil
E com suas asas começou aprender
A agarrar
Seus olhos começaram a ver o mundo
Com várias pupilas
E aprendeu novamente a nadar
Com as eras aprendeu a ser mamífero
E suas asas agora eram mãos
Que polia a pedra e colhiam frutas
Aprendeu com os olhos bifocais
A riscar as paredes das cavernas
Comer cogumelos alucinógenos
E acender fogueiras
E conversar com as estrelas
Contemplar o arco-íris
A decifrar as marés
E as fases do luar
A tocar flauta
Nesse tempo não percebeu muito bem
Mas tinha um cérebro que pensava
E mãos que construíam e modificavam
A natureza
Aprendeu a plantar e se proteger do tempo
A desviar os rios
A pescar com zagaias e anzóis
A atirar flechar com arcos precisos
Um dia começou a ter desejo de voar
E a construir asas para ganhar os céus
Voltou o instinto de ser pássaro
E ressuscitar o extinto Pterodátilo
Que estava fossilizado dentro de si
O pássaro que era alucinado por esta Terra
Azul
E recolheu suas asas para caminhar
E não voar pelos céus...
Voltou o desejo de abrir as asas
E voar
De ser pássaro novamente


2 comentários:

  1. Soneto-acróstico
    Voar

    Porque com os pés colados no chão
    Ávido pra o mundo de cima enxergar
    Sobe na montanha para criar a ilusão
    Ser um homem que o céu vai galgar.

    Assume que que já fora um avoante
    Rasando sobre os campos e colinas
    Outrora, numa época muito distante
    Que somente vida pregressa ilumina.

    Uma vez que já fora um passarinho
    Espera estar onde os pássaros estão
    Acima das nuvens voando sozinho.

    No sonho focado como Ícaro então
    Deixa o solo para o ente comezinho
    Através da ciência inventa o avião.

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