Pássaros
rasgam as cinco horas
Da manhã
Com seus
cantos amolados
Mais um dia
nesta banda do ocidente
O sol eriça
as penas do pássaro
Azul
E a pena do
poeta
Que ainda
com as sobrancelhas
Machucadas
Risca o
primeiro verso
Tirando os
olhos da primeira
Página do
jornal
Tomando a
primeira pílula
Colocando
um pouco de cereal
Na tigela
para o camaleão
Tomo um
copo de leite
Ordenado da
embalagem gelada
Das tetas
do refrigerador
E mordo uma
torrada com mel
Feito por
abelhas mecânicas
E respiro o
aroma fumegante
Da xícara
de café
E toco nas
teclas nervosas do computador
E deixo o
poema inacabado na tela
E vou
embora
Agora não
são os pássaros que marcam
As horas
É o relógio
fordista
E a velocidade
do metrô
Soneto-acróstico
ResponderExcluirCantos as cinco horas amolados
Assim cantarola um pássaro azul
Na banda do ocidente deste lado
Talvez um pouco mais para o sul.
O sol, as penas do pássaro eriça
Sobre as celhas do poeta também
Apenas, talvez, para fazer justiça
Mas será que aos poetas convém?
O primeiro verso ele então risca
Lá onde jamais a luz da lua bate
Aqueles belos olhos da odalisca.
Deixa combater o bom combate
O que diante do perigo não pisca
Se a velocidade do metrô retrate.
Bom dia, Luiz.
ResponderExcluirAbelhas mecânicas, leite das tetas do refrigerador. Imagens fortes. Mas os pássaros serão sempre os pássaros, e sus asas serão sempre feitas das mesmas penas que nos levam em voos poéticos de sonhos.