Era um Bar
Não era um
Bar Qualquer
Quando
entrei nele
Pensei que
estava no reino
Encantado
da Taberna de Álvares
De Azevedo
Havia uma
área rústica
Até algumas
redes estendidas
As lâmpadas
ambarinas eram vestidas
De
candeeiros
Lanternas
nipônicas
Havia pessoas
ali
Não eram
quaisquer pessoas
Eram poetas
Escritores
Pintores e
atores
Deste
teatro Mágico
A taberna
de Macário
Homem que o
diabo temia
Muitas
mesas de casais
Enamorados
Completamente
apaixonados
Perdidos
neste amor desmesurado
Entregues
as mais loucas
Paixões
Mas na
taverna do Álvares de Azevedo
Foi um
sonho poético
E a
Delirus” Tremis era real
No balcão
havia uns três garotos Malbore
Bebedores
da guerrilheira Cuba Libre
Afinal nos
moramos nas Antilhas
Rum
Clássico com Coca & Cola
Aquela
rumba que acolá rolava
Com gelo
sal
E haja rum
haja tequila
Mas lindo
era o conhaque requentado
Mas chegava
à hora do bolero
E do samba
de breque requintados
Jazz ali
rolava
Um blues em
puro violão
Uma bossa
Um samba
canção
As luzes
mudaram de claridade
O encarnado
entrelaçado de azul
Mas nas
prateleiras daquele bar
Tinha uma
pequena história do etilismo
Da
Sociedade humana
Tomei uma
dose de gim
Escutava
mentalmente um bandolim
Aquele jogo
de castanhas
Castanhas
do Pará e de caju
E amendoim
Causava
estarmos num tipo de céu
Tudo era
muito calmo
A moça
muito educada ao meu lado
Começou
falar de Baudelaire
Da Guerra
do ópio
Das Índias
Ocidentais
E me
perguntou sobre Catatau
Eu não
sabia que Catatau
Ela queria
O do gibi e
dos desenhos animados
Teria que
rever
Se fosse o
romance do Leminski
Li apenas
algumas partes do começo
E sem
tropeço
Tem o
catatau de mim
Os goles
das chamas de absinto
Tomados na
colher
Abruptamente
A moça por
fim me ofereceu
Um Gitane
Este eu não
pude recusar
E ela com
seu isqueiro
Que nem vi
a chama
O acendeu
A primeira
tragada me levou
Ao delírio
Naquela
taberna rolavam muitos
Enredos
Muitos
dramas
Muitas
declamações
Algumas
canções
Aquela
cigarrete me trouxe
Muitas
alucinações
Rolava uns
tangos ardentes
Muitas
aguardentes
Sonetos de
Vinicius de Moraes
De
Vespasiano Ramos
Os versos
apaixonados
Do Neruda
E o Lorca
loucamente declamado
Por um
bardo que habra castejano
A madrugada
quando chegou
Grudou suas
estrelas nas vidraças
Orvalhada
pelas flores
E por
dentro por vapores
E chegada à
hora de levarmos
Um papo com
a lagarta da Alice
Comer um
pedacinho do seu cogumelo
Psicodélico
Uma
conversa franca e distorcida
As palavras
que saem da boca
Demoram a
chegar
Tinha um
café fumegante
Um licor
repleto de lirismo
E delírio
Mas lindo
foi o amanhecer
Velos todos
a dormir
E o sol
declamado seus raios
Em mim
Para os
pássaros
E girassóis
E tem à
hora do café passado
A tapioca e
goiabada
As
alucinações artificiais acabam
E ficam as
da própria vida
A noite de
lua cheia
Com seus
mares bravios
O Bar
Delirius’ Tremis vai abrir
Com suas
negras e louras refrigeradas
No gelo com
sal
Com um
samba de tira-gosto
Com seu
lúpulo amargo
E espumas
flutuantes
Desce
docemente pela garganta...
perto da ceia um vinho de uva misteriosa
E antiga safra
Um pedaço de pão integral
De muitas noite
Um azeite de muitas luas
Acróstico
ResponderExcluirAlém desse tempo, da sua dimensão
Tem a taberna do Álvares de Azevedo
Aonde acontece a mágica de condão
Bastante distante, saia bem mais cedo.
Encontrará Érato naquele caos interior
Reina ali o poeta, despreocupação total
Nada daquilo que vês é, seja lá o que for
Ainda que falhe em encontrar o Catatau.
Mas talvez haja uma mínima realidade
Átimo que corrobora calcar um sentido
Garantindo pequenas gotas de verdade.
Imaginemos um Baudelaire encanecido
Colocando máximas com sua acuidade
Acordamos desse pesadelo descabido.