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sábado, 8 de novembro de 2014

Noite na Taverna- Álvares de Azevedo




Era um Bar
Não era um Bar Qualquer
Quando entrei nele
Pensei que estava no reino
Encantado da Taberna de Álvares
De Azevedo
Havia uma área rústica
Até algumas redes estendidas
As lâmpadas ambarinas eram vestidas
De candeeiros
Lanternas nipônicas

Havia pessoas ali
Não eram quaisquer pessoas
Eram poetas
Escritores
Pintores e atores
Deste teatro Mágico
A taberna de Macário
Homem que o diabo temia
Muitas mesas de casais
Enamorados
Completamente apaixonados
Perdidos neste amor desmesurado
Entregues as mais loucas
Paixões
Mas na taverna do Álvares de Azevedo
Foi um sonho poético
E a Delirus” Tremis era real
No balcão havia uns três garotos Malbore
Bebedores da guerrilheira Cuba Libre
Afinal nos moramos nas Antilhas
Rum Clássico com Coca & Cola
Aquela rumba que acolá rolava
Com gelo sal
E haja rum haja tequila
Mas lindo era o conhaque requentado
Mas chegava à hora do bolero
E do samba de breque requintados
Jazz ali rolava
Um blues em puro violão
Uma bossa
Um samba canção
As luzes mudaram de claridade
O encarnado entrelaçado de azul
Mas nas prateleiras daquele bar
Tinha uma pequena história do etilismo
Da Sociedade humana
Tomei uma dose de gim
Escutava mentalmente um bandolim
Aquele jogo de castanhas
Castanhas do Pará e de caju
E amendoim
Causava estarmos num tipo de céu
Tudo era muito calmo
A moça muito educada ao meu lado
Começou falar de Baudelaire
Da Guerra do ópio
Das Índias Ocidentais
E me perguntou sobre Catatau
Eu não sabia que Catatau
Ela queria
O do gibi e dos desenhos animados
Teria que rever
Se fosse o romance do Leminski
Li apenas algumas partes do começo
E sem tropeço
Tem o catatau de mim
Os goles das chamas de absinto
Tomados na colher
Abruptamente
A moça por fim me ofereceu
Um Gitane
Este eu não pude recusar
E ela com seu isqueiro
Que nem vi a chama
O acendeu
A primeira tragada me levou
Ao delírio
Naquela taberna rolavam muitos
Enredos
Muitos dramas
Muitas declamações
Algumas canções
Aquela cigarrete me trouxe
Muitas alucinações
Rolava uns tangos ardentes
Muitas aguardentes
Sonetos de Vinicius de Moraes
De Vespasiano Ramos
Os versos apaixonados
Do Neruda
E o Lorca loucamente declamado
Por um bardo que habra castejano
A madrugada quando chegou
Grudou suas estrelas nas vidraças
Orvalhada pelas flores
E por dentro por vapores
E chegada à hora de levarmos
Um papo com a lagarta da Alice
Comer um pedacinho do seu cogumelo
Psicodélico
Uma conversa franca e distorcida
As palavras que saem da boca
Demoram a chegar
Tinha um café fumegante
Um licor repleto de lirismo
E delírio
Mas lindo foi o amanhecer
Velos todos a dormir
E o sol declamado seus raios
Em mim
Para os pássaros
E girassóis
E tem à hora do café passado
A tapioca e goiabada
As alucinações artificiais acabam
E ficam as da própria vida
A noite de lua cheia
Com seus mares bravios
O Bar Delirius’ Tremis vai abrir
Com suas negras e louras refrigeradas
No gelo com sal
Com um samba de tira-gosto
Com seu lúpulo amargo
E espumas flutuantes
Desce docemente pela garganta...
perto da ceia um vinho de uva misteriosa
E antiga safra
Um pedaço de pão integral 
De muitas noite
Um azeite de muitas luas










Um comentário:

  1. Acróstico

    Além desse tempo, da sua dimensão
    Tem a taberna do Álvares de Azevedo
    Aonde acontece a mágica de condão
    Bastante distante, saia bem mais cedo.

    Encontrará Érato naquele caos interior
    Reina ali o poeta, despreocupação total
    Nada daquilo que vês é, seja lá o que for
    Ainda que falhe em encontrar o Catatau.

    Mas talvez haja uma mínima realidade
    Átimo que corrobora calcar um sentido
    Garantindo pequenas gotas de verdade.

    Imaginemos um Baudelaire encanecido
    Colocando máximas com sua acuidade
    Acordamos desse pesadelo descabido.

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