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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Lobo Extinto


Reminiscências do meu lobo da floresta
Verde
Que me levava para contemplar as estrelas
Cintilantes
A lua cheia
Comungar seus raios poéticos
Uivar nas orlas dos seus mares
Adormecidos
Suas marés bravias
Sombrias
E domar na madrugada bruxuleante
Com seus vaga-lumes e
Mariposas atordoadas
A fera que rosnava dentro
De mim

Tempo que meus olhos brilhavam
Como duas lamparinas 
Na escuridão
Enxergando seus mistérios
Suas entranhas
E ela com seus tímpanos silenciosos
Escutava meus uivos
Laivos e lamentos

Hoje contemplo do meu apartamento
Transeuntes nos seus cruzamentos
Apressados
Cruzando avenidas
Que levam suas vidas
Para lugar algum

Fico ali da janela
Alimentando minhas retinas
De meteoros
Restos de turbinas
Comendo pedaços de lua
Nubladas pelas chaminés
E vapores das fábricas
E dos suores dos operários
Que trocam seus sangues
Por míseros salários

Vislumbro antenas de alumínios
Nos telhados solitários
E aqueço meu olhar nas telas
De um computador
A metafísica de Aristóteles
Não conjectura sobre a solidão
Do lobo
Nem que o logos da minha ocidentalidade
Mergulharia meu ser nas aporias
Desta cidade

E tirou meu animal
E seu faro
Da minha ancestralidade.


                  Luiz Alfredo - poeta





Um comentário:

  1. Muito lindo!
    E eu sei como é isso.
    E lá está o lobo ...solitário?
    Não ...chorando pra lua, muito presente em sua vida.
    Beijos
    Joelma

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