O menino
que mora dentro
De mim
Gosta de
empinar papagaios
Coloridos
de amarelos
E carmim
Comer
manguitas nos galhos
Ingá tucumã
marmelos
Comer
pedaços de crepúsculos
Nuvens
brancas com o olhar
Como se
fosse algodão doce
Pedaços de
manjar
Beber raios
do luar
Correr nos
campos da imensidão
Comendo
fagulhas de pirilampos
Mergulhando
no índigo mar
É um menino
danado
Digere o
arco-íris nas seivas
Do cogumelo
encantado
Depois fica
digerindo suas cores
E outras do
halo iluminado
Nas pupilas
dilatadas
Digere caramelos
no céu
Da boca
E passeia
entre encarnadas
Papoula
doidivanas
Bebendo o
orvalho de suas pétalas
Deixando as
pestanas
Completamente
loucas
Este
curumim que mora
Em mim
Vai deixando
meu velho perdido
Com seu
relicário
Seu canário
Seus livros
no armário
Afogado no
tempo do calendário
Na parede
Cheio de
datas tristes
Repletos de
rugas
E artrites
Ele caminha
pela vida
Como se a
eternidade fosse sua
E o tempo
ele guarda no seu relógio
De bolso
E o cuco
quando sai para cantar
Ele o
ameaça que qualquer hora
Vai soltá-lo
na aurora.
Luiz Alfredo - poeta
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