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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Bicho da Eternidade



O menino que mora dentro
De mim
Gosta de empinar papagaios
Coloridos de amarelos
E carmim
Comer manguitas nos galhos
Ingá tucumã marmelos

Comer pedaços de crepúsculos
Nuvens brancas com o olhar
Como se fosse algodão doce
Pedaços de manjar

Beber raios do luar
Correr nos campos da imensidão
Comendo fagulhas de pirilampos
Mergulhando no índigo mar

É um menino danado
Digere o arco-íris nas seivas
Do cogumelo encantado
Depois fica digerindo suas cores
E outras do halo iluminado
Nas pupilas dilatadas

Digere caramelos no céu
Da boca
E passeia entre encarnadas
Papoula doidivanas
Bebendo o orvalho de suas pétalas
Deixando as pestanas
Completamente loucas

Este curumim que mora
Em mim
Vai deixando meu velho perdido
Com seu relicário
Seu canário
Seus livros no armário
Afogado no tempo do calendário
Na parede
Cheio de datas tristes
Repletos de rugas
E artrites


Ele caminha pela vida
Como se a eternidade fosse sua
E o tempo ele guarda no seu relógio
De bolso
E o cuco quando sai para cantar
Ele o ameaça que qualquer hora
Vai soltá-lo na aurora.

                 
                     Luiz Alfredo - poeta









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