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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Retorno do Tordo


Eu nunca mais tinha visto
Este passarim
Mudou suas penugens
Acho que não
Aqueles riscos pretinhos
Cor de ébano
alguns bemóis nas teclas pretas
do piano
Que parecem riscados com carvão
Minha pergunta filosófica
Quem os pintou
Conhece a arte dos pincéis
Artesão dos grafites
Quem o ensinou a cantar

A debulhar estas notas musicais
no teu bico de aço
Quem escreveu sua partitura
Escrita a mão no coração do sol
a pauta do céu azul
porque  quanto cantas parece
que lê sua a partitura
na nervura do ceú
Ensinou-lhe o grave o contralto
Eu sei quem desenhou o bandolim
Mais quem desenhou este passarim
E os ensinou a cantar?

Ele tinha desaparecido
Pensei que ele podia até estar
Extinto
Perdido numa era Cenozoica 
Qualquer
Ou preso numa arapuca
Gaiola ou numa cumbuca
O lindo céu azul de Porto Velho
É tua gaiola sem grades
Sem bordas
Vão além do oriente
Meu rouxinol
Martim-pescador
Eu te chamo assim - tu conheces
A minha dor
Meu beija-flor
Eu te chamo assim
Por que pensava num rouxinol
Quando tu apareceste

Aquele canto me deixou vendo
Arco-íris
Até no orvalho da flor
E nas minhas lágrimas emocionadas
Que deslizavam no meu palor


                          Luiz Alfredo - poeta

                




2 comentários:

  1. Tordo

    Desapareceu das matas o passarim
    Sem explicação, sem algum acordo
    Mas ficou-nos uma saudade assim
    Deixou um buraco no peito, o tordo.

    Terá sido portanto este, o seu fim?
    Diz-me ao contrário a minha mente
    Porque para a natureza seria ruim
    Tornaria mundo de Érato diferente.

    Porém foi visto o tordo novamente
    No meio da mata de novo cantando
    Clamando as céus: estou contente.

    Mas eu ainda pergunto, até quando?
    Dependendo do Homo, esse demente
    Vai continuar o passarim voando?

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  2. Belo soneto sobre meus versos
    tortos
    que versam sobre o tordo
    passarim
    mui belo poeta

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