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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Amores Lavrados




Da janela entreaberta do meu tugúrio
Os pássaros cantavam Pink Floyd
E os girassóis pintavam Van Gogh
E um beija-flor comia as pétalas
De uma flor
Com uma mostarda amarela
De pimenta vermelha

Ventavam belas tempestades
E levavam as velas dos barquinhos
De papéis
E os menestréis teciam versos
E afinavam seus acordes
Para acordar o dia sem tanto
Sangue
E mais melodia
E recolher os orvalhos dos pés
De tomate
E cannabis sativa

As borboletas se contorciam
Suas metamorfoses nos estômagos
Das lagartas
E as abelhas enchiam os hexágonos
De mel
Sem mais-valia e sem ser
Mercadoria
Parecia até que Spinoza não havia
Sido excomungado
E a lavoura fora lavrada na reforma
Agrária
Sem cercas de arames farpados
E sem os espantalhos com olhares
Mal assombrados
E dos sobrados podia se contemplar
A camponesa colhendo alfazemas
Com seus belos seios
E suas delicadas mãos de músculos
Raros
Os dourados centeios

Ah! As rosas mais belas que a rainha
De Sabáh
Amolavam de ternura os espinhos
Pontiagudos
E negros
E o verbo amar era conjugado
Em todo lugar


                               Luiz Alfredo - poeta






Um comentário:

  1. Nada sobre cannabis

    O vate, nessa psicodélica viagem
    Salpicada dessa pimenta vermelha
    E mostarda amarela na bagagem
    A viajor de outros tempos semelha.

    Ventos conduziam os barquinhos
    Com menestréis versos a cantar
    Cada um seguindo seu caminho
    Sabendo em qual destino chegar.

    Nos campos as borboletas voejam
    Alegres e simpáticas no seu voar
    Pois quer a natureza que estejam
    Exatamente onde está seu lugar.

    Do verbo conjugado me protejam
    Para que só eu o possa conjugar.

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