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domingo, 25 de maio de 2014

Quimeras



Vivi por muitos anos
Com a mulher das minhas ilusões
Bebendo orvalhos das papoulas
E das plantas proibidas
Destiladas pelas madrugadas

Plantando versos nas calçadas
Enluaradas
Atrapalhando a aurora de nascer
Com nossos beijos
E poemas declamados

Comíamos pedaços da lua
E fragmentos de chocolates
Com as pálpebras encharcadas
De poemas
Sangrávamos os dedos nas teclas
Negras numa Royal
E nas cordas de um rouco violão

Apagávamos as lâmpadas
Com nossos olhos sonolentos
E nos amávamos até o amanhecer
Do dia
Depois que a última mariposa
Transcendia
E a cafeteira já recendia seu hálito
De café
Morríamos de sono

Mas veio o tempo em se acabaram
As ilusões
A mulher dos meus sonhos
Foi viver suas lendas numa terra
Longínqua
E eu fui dar aula de metafísica
Numa faculdade particular

O que ficou daqueles tempos
Foram as rimas mal contadas
De alguns poemas
Jogados na gaveta
E o violão calado no sótão
E quando caminho à noite
Ainda dialogo com os vaga-lumes
E a chama azul da lamparina
Lembra-me a sombra dos olhos
Dela


                        Luiz Alfredo - poeta

3 comentários:

  1. Vai indo

    Por muitos anos bebendo orvalho
    Das papoulas proibidas um tanto
    Esse poeta excelente prá caralho
    Com seu poetar me causa espanto.

    Plantou muitos versos na calçada
    E enquanto comia pedaços de lua
    Suas rimas na Royal eram tecladas
    E apagavam-se lâmpadas na rua.

    Seus olhos por demais sonolentos
    Não percebiam no violão as cordas
    E as claras notas se iam ao vento.

    Mas um dia escorreu pelas bordas
    O delírio, o sonho, o pensamento
    E ele faz poema desde que acorda.

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  2. Meu querido Poeta

    Venho ler-te, como o faço em silêncio muitas vezes e deixar um beijinho com carinho.

    Sonhadora

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  3. uma utopia tão terna e tão bela, como só o Poeta sente...

    :)

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