Seguidores

sábado, 31 de maio de 2014

Boca da Noite





A noite vem com os seus pássaros
Seus mistérios
E seu luar
Suas estrelas reluzentes
Cadentes
Algumas apenas luzes
Que viajam trazendo as lembranças
O que a morte não conseguiu apagar

Mas a noite é bela
E com seus lábios sedutores
Começa a murmurar poemas
Versos recitados com sua boca
Da noite
Que começo a escrever num açoite
Em guardanapos
Pedaços de papeis
Nas tabernas empórios boites
Bordeis 

Às vezes os ciciar dos grilos
E das cigarras
Misturam-se com as palavras
Declamadas
E eu não consigo escutar
Soam meio confusas
Misturadas
Acabo inventando metáforas
E muitas vezes uma sinédoque

E pontuando com pingos
Amalgamas dos vaga-lumes
Filamentos de bulbos pálidos
Romanticamente amarelados
Que caem feitos polens
Madrugados
Poemas trêmulos
Recitado
Da boca da noite
Calidamente murmurados...


                Luiz Alfredo - poeta





Um comentário:

  1. Noite, apenas

    A noite murmura aos vates apenas
    Mas ela sabe exatamente o que diz
    Os poetas estendem suas antenas
    Atentos e particularmente infantis.

    Para gente comum a noite é muda
    São indecifráveis as suas palavras
    Contudo nenhum ouvinte se iluda
    Belíssimos colóquios a noite lavra.

    E nela os vagalumes estrelas são
    Porquanto aquelas no céu distante
    Só fazem com a lua uma conexão.

    Diz o vate que noite é dos amantes
    Para os quais mais vale a escuridão
    Então que ela seja menos brilhante.

    ResponderExcluir