Seguidores

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

No meio do meu Ureter

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra  
tinha uma pedra no meio do caminho  
tinha uma pedra  
no meio do caminho tinha uma pedra. 
Nunca me esquecerei desse acontecimento  
na vida de minhas retinas tão fatigadas.  
Nunca me esquecerei que no meio do caminho  
tinha uma pedra  
tinha uma pedra no meio do caminho  
no meio do caminho tinha uma pedra 

                        Carlos Drummond de Andrade - poeta
                            
En Revista de Antropofagia, 1928 
                                     Incluido en Alguma poesia (1930)

 


No meio do meu ureter tinha uma pedra
tinha uma pedra de 1,20 cm
tinha uma pedra no meu ureter
no meio do meu ureter tinha uma pedra

Nunca esquecerei deste acontecimento
nas minhas vias urinárias tão machucadas
Nunca esquecerei que no meio do ureter
tinha um cálculo renal
tinha um cálculo no meio do ureter
no meio do meu canal um inerte cálculo

              
                                        Luiz Alfredo - poeta

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Soneto-acróstico
    Solidariedade

    O poeta, equidistante do fim e do começo
    Manifesta seu encontro com seixo quedo
    Em que pode derruba-lo por leve tropeço
    Indiferente não fica, e sequer sente medo.

    O Luiz Alfredo para si, tal coisa não quer
    Deixa a Drummond inspiração do andar
    O que incomoda não é caminho, é ureter
    Com suas dores atrozes se põe a poetar.

    Assim, pasticha Drummond com talento
    Meio do ureter ao invés de meio caminho
    Incrustrada pedra que lhe traz sofrimento,
    Negócio chato, dolorido e mui comezinho.

    Há, contudo, no poema, certo cabimento:
    O sentido que nesta dor não está sozinho.

    ResponderExcluir