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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Hermética gota


Na pétala de uma flor desliza
Uma gota de orvalho cristalina
Uma nota musical
Repleta de um quântico arco-íris
A rosa também chora
E na sua tez desliza uma gota
De lágrima

A dialética é uma ciência
Que não foi toda desvendada
Por isso acho estupendo uma gota
De orvalho escorrendo
Numa flor num galho
Um corvo olha de soslaio
E aquele raio ultra-romântico
Do ambarino luar
A gotícula prismática tem seu último
Ato
No palco da vida

Mas não pense que a gota morre
Não
Ela se divide em múltiplas gotinhas
E cada uma tem seu raio de luz
E sua história
Desfazem no ar
Ou caem no chão
E vão encharcar raízes profundas
De árvores repletas de parábolas
E ninhos
Onde sob sua sombra
Vem descansar o leopardo
De olhar metafísico
Aquele que decifra os enigmas
Do necessariamente humano


Um comentário:

  1. Soneto-acróstico
    Ao efêmero

    A dialética é aquela ciência não exata
    Há nela a ser desvendado um mistério
    E se nenhuma coisa determina na lata
    Remete-nos a pensamento mais sério.

    Mas se a gota deslizando nos arrebata
    É porque adotamos um diverso critério
    Tanto que a hermética gotinha se mata
    Indiferente às pessoas deste planisfério.

    Cada evento tem seu palco nesta vida
    Assim tal como se divide essa gotinha
    Garanto que ela percebera ser querida.

    Ou, talvez, nenhum propósito ela tinha
    Tentando somente nunca ser percebida
    Afinal nasceu, viveu e morreu sozinha.

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