Seguidores

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Pétalas Insones



Os girassóis abriram as pétalas
Do sol
E os corvos encheram seus tímpanos
Com seus grasnados esfomeados

Ele já tinha desfolhado as espigas
Douradas de milhos
Quando abri minhas sonolentas
Retinas
E desfraldei as cortinas

O sol traçava seu roteiro
Com sua régua e compasso
De fogo
Meu relógio com seus ponteiros
Meu tempo alienado

E eu tinha que traçar minha rotina
Aguar o jardim
Colocar ração aos jabutis
E ao meu cavalo-marinho
Estrumes nos meus cactos

Medir minha glicemia
Meditar na minha xícara fumegante
De chá
Uma fatia de mamão
Uma drágea branca
Pro bócio

Mastigar uns versículos
Degustar uma torrada
Com uma abstrata geléia
De framboesa
Ler uns versos da Plath
E ir deixando o ócio
E me mandar pra lide

Pagar a conta de energia
E o consorcio
Do meu fusca azulado
Arranhado
De segunda mão
E ir estudando os verbos passados
Em espanhol
Para a avaliação.


                       Luiz Alfredo - poeta


Nenhum comentário:

Postar um comentário