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domingo, 3 de novembro de 2019

curumim levado na breca




Mamãe sempre dizia
Menino deixa disso
Vai estudar a tabuada
Não suja o uniforme
Dois cruzeiros pro lanche
Não dou mais não
Você vai comprar jujuba
E chiclete ploc
Pra tirar as figurinhas
Quero ver o boletim
Não vá gazetear
E ir pro cine Lacerda
Não leve o Tio Patinhas
Nem o livro da Cassandra Rios
Vê se te ajeita
Nem pense em Cousa Alguma
Nada de tomar cachaça
Se eu souber que fumou Malboro
Com aquele tal de Oldegar
Foi  ver briga de Galo
Galo-campina curió e sabiá cantar
Tem que estudar inglês
E deixar de falar gíria
Perambular no lupanar
Tomar conhaque no bar
Pegar suspensão
E advertência na caderneta
Não esquecer o caderno e a caneta
Nada de Álvares de Azevedo
Poesia não leva ninguém pra frente
Acordar bem cedo
Escovar os dentes
Quero ver a sacola
Pra ver se tem algo diferente
Aquela tal de maconha e entorpecentes
Se tem alguma garrafa de aguardente
Tome o biotônico fontoura
Pra não ficar doente
Leve a foto de Nossa Senhora
E respeite os mandamentos de Deus
Ame pai e mãe
A já ia esquecendo pode deixar
O toca fita e aquelas fitas horrosas tenebrosas
Do Pink Floyd e a tal da doida doa Joplin
Nem levar aquele compacto do John Lennon
Aquele que só canta drogado
Foi até proibido tirou uma foto nu
Com uma japonesa muito doida
Nem a revista daquela noiada
E seu pai já pediu
Pra não andar com aqueles livros vermelhos
Nem desenhar a foice ou a estrela no braço
Presta atenção na vida
O 6º Batalhão está na rua
E se pegar mete a surra
E nada de roubar o fusquinha
Do seu pai e se mandar na madrugada
Olha lá nada de pico cheirada e tragada








Um comentário:

  1. aaaaaai que saudade da tua poesia. Saudade de poesia que tem me faltado em letras, nos olhos e por todo lugar. Um parênteses que não se abre mais. Ai, que bom que ainda tenho olhos pra ler... Abraço poeta.

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